À TSF, o ministro dos Negócios Estrangeiros afirma que o Governo português "saúda a participação eleitoral" na Venezuela
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O ministro português dos Negócios Estrangeiros pede uma "verificação imparcial" dos resultados eleitorais na Venezuela. Os resultados oficiais dão a vitória a Nicolás Maduro com pouco mais de 50% dos votos, um número contestado pela oposição.
Ouvido pela TSF, Paulo Rangel afirma que só a transparência irá garantir a legitimidade. "Em primeiro lugar, o Governo português saúda naturalmente a participação eleitoral e até a normalidade com que o ato eleitoral em si decorreu e depois, quanto aos resultados, uma vez que existe uma reclamação de vitória de ambos os candidatos mais expressivos e mais votados, aquilo que o Governo português solicita é que haja uma verificação imparcial dos resultados", explica o governante.
"Só havendo transparência haverá legitimidade e, nesse aspeto, estamos com a grande maioria dos Estados na comunidade internacional, que justamente tem apelado a que haja, num espírito de diálogo e de abertura entre as partes que concorreram ao ato eleitoral, a capacidade de verificação dos resultados por forma a que o resultado possa ser aceite com equidade por todos", sublinha, pedindo moderação e diálogo.
"O Governo português não vai entrar numa análise da situação política e até dos meandros e vicissitudes do ato eleitoral. Aquilo que nós dizemos é que, por um lado, registamos a elevada participação e, além disso, havendo dúvidas e contestação de uma das partes relativamente ao resultado, deve caminhar-se, por acordo, num espírito de moderação, de diálogo e de equidade democrática de ambos os candidatos a uma verificação imparcial, transparente e lisa", acrescenta.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou que o Presidente cessante Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos.
Maduro obteve 5,15 milhões de votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%), de acordo com os números oficiais anunciados pelo presidente do CNE, Elvis Amoroso.
Os resultados foram anunciados depois de contados 80% dos boletins de voto e 59% dos eleitores terem comparecido às urnas. O resultado "é irreversível", declarou.
A oposição venezuelana reivindica a vitória nas eleições presidenciais de domingo, com 70% dos votos, disse à imprensa a María Corina Machado. O candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia obteve 70% dos votos, afirmou a líder opositora, recusando-se a reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.
María Corina Machado afirmou que nos próximos dias "serão anunciadas ações para defender a verdade" e o "respeito pela soberania popular" que no domingo "se expressou e elegeu" González Urrutia.
Vários países já felicitaram Maduro pela vitória, como Nicarágua, Cuba e Irão, mas outros demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela além de Portugal, como Espanha e Estados Unidos.