A duas semanas das eleições presidenciais na Colômbia, a investigadora Carmen Fonseca esteve na Manhã TSF para analisar e antecipar os cenários que o país pode atravessar, depois do ato eleitoral.
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Depois de ter passado uns dias na Colômbia, o escritor peruano Mário Vargas Llosa escreveu no jornal El País que, "apesar de ter sofrido por mais de 50 anos com guerrilhas ligadas ao narcotráfico - algo que em qualquer outra nação latino-americana teria ocasionado um golpe de Estado e uma ditadura militar de longos anos - a Colômbia continuou a funcionar como uma democracia, com liberdade de imprensa e eleições livres".
Uma leitura com que concorda Carmen Fonseca, investigadora investigadora do IPRI - Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa.
"Essa fragmentação e essa divisão tem sido sinal de alguma vitalidade da democracia do país", comentou a investigadora, na Manhã TSF.
Só que apesar de o mundo ter festejado quando o Governo colombiano e a guerrilha das FARC chagaram a um acordo de paz, em 2016 (que chegou a valer o prémio Nobel da Paz ao ainda presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos), o acordo foi rejeitado pelos colombianos em referendo. "A sociedade não concorda com muitos dos pontos do acordo", reconheceu Carmen Fonseca.
Nestas eleições, as primeiras em que as FARC puderam participar enquanto partido político, a "implementação de acordo de paz é o que está em cima da mesa", indicou a investigadora que salienta, no entanto, a campanha eleitoral que "tem sido marcada pela estabilidade", ao contrário do que acontecera em atos eleitorais anteriores.
Mesmo legitimado como partido político, as FARC viram o seu candidato a estas eleições, Rodrigo Londoño (também conhecido como Timoleón Jiménez), a ter de abandonar a corrida presidencial.
E, ao que tudo aponta, deverá mesmo ser Ivan Duque, o candidato do Centro Democrático, a vencer as eleições. Um cenário que, Carmen Fonseca não tem dúvidas, pode pôr em perigo o acordo de paz alcançado com as guerrilhas, uma vez que o partido foi bastante crítico do diálogo com as FARC.
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