A coligação Lamuka, liderada por Martin Fayulu, um dos principais candidatos da oposição às presidenciais de domingo na República Democrática do Congo contesta o adiamento parcial das eleições.
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O principal objetivo desta greve geral de "cidade morta", semelhante a outras iniciativas organizadas contra o ex-Presidente Joseph Kabila, passa por protestar contra o adiamento das eleições nas províncias de Kivu do Norte e Mai-Ndombe, acontecendo precisamente no último dia de campanha eleitoral.
Numa conferência de imprensa realizada na quinta-feira, a Lamuka pediu à Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) que anulasse este adiamento, que afetará 1,2 milhões de eleitores.
Segundo o diretor de campanha de Fayulu, a coligação não pretende, no entanto, boicotar as eleições de domingo.
Na quinta-feira, a polícia congolesa recorreu a disparos de munições reais e gás lacrimogéneo para dispersar mais de 100 pessoas que protestavam em Beni, província do Kivu do Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), contra a alteração da data do sufrágio na região.
A comissão eleitoral justificou o adiamento, para março de 2019, com a falta de condições de segurança devido à epidemia de Ébola, argumentos que não convenceram os candidatos da oposição ao regime de Joseph Kabila.
Os manifestantes marcharam em direção às instalações locais da CENI, exigindo o direito de votar no domingo, tal como nas restantes províncias do país, desconhecendo-se a existência de vítimas após a intervenção da polícia.
Inicialmente previstas para 2016, as eleições de domingo foram já adiadas duas vezes, e, além de presidenciais, irão ainda permitir a escolha de representantes parlamentares a nível nacional e provincial.
O último adiamento - antes estavam agendadas para 23 de dezembro - foi anunciado na semana passada pela CENI congolesa e foi justificado com problemas causados por um incêndio que destruiu oito mil urnas eletrónicas.
Os partidos da oposição já disseram que não vão tolerar mais adiamentos da votação que vai escolher o sucessor de Joseph Kabila, Presidente desde 2001, que não pode voltar a concorrer por já ter cumprido dois mandatos, como prevê a Constituição.
Na RDCongo persistem os conflitos armados, sobretudo em Beni, e algumas zonas estão a ser afetadas por um surto de Ébola, o segundo mais mortífero na história do país.
A epidemia do vírus, que se transmite por contacto físico através de fluidos corporais infetados e que provoca febre hemorrágica, foi declarada a 1 de agosto deste ano, em Mangina, nas províncias de Kivu Norte e Ituri, tendo provocado até 24 de dezembro a morte a 354 pessoas e infetado mais de 583, segundo dados Organização Mundial de Saúde.