Em balões de ar quente ou descapotáveis: Reis Magos chegam condicionados pela pandemia
Espanha vive um Dia de Reis atípico. As restrições devido ao coronavírus obrigaram a substituir os tradicionais desfiles nas cidades.
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Nem o dia mais mágico do ano para os espanhóis escapou às restrições da pandemia. As medidas são as mesmas do resto da quadra natalícia, algumas até mais duras, devido ao aumento dos contágios: as reuniões estão limitadas a seis ou dez pessoas, dependendo da comunidade, e o recolher obrigatório oscila entre as 22.00 horas e meia-noite.
Num país pouco dado a consensos, os Reis Magos são das poucas coisas que não geram divisão. Nos dias anteriores, o país inteiro conspira para que os mais novos mantenham a ilusão durante o maior tempo possível. Assim, e ainda que a circulação entre comunidades esteja proibida, o Governo anunciou que suas majestades teriam uma autorização especial para circular por todo o país.
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Desta vez, para chegar a todos os sapatinhos, os Reis Magos tiveram que inovar. O tradicional desfile multitudinário pelas ruas de Madrid foi substituído por um espetáculo sem público a que os mais pequenos puderam assistir pela televisão.
"Antes ia com a minha família toda e agora tem de ser em casa", conta Inês, de 10 anos, enquanto passeia com o irmão e a mãe no Parque de Santander, no centro de Madrid. "É mais complicado pelas restrições da pandemia, e porque têm que andar pelo mundo inteiro mas eu tenho a certeza que vão distribuir os presentes como sempre", espeta Adriana, de 9 anos.
Mas se na capital as suas majestades vieram pelos meios tradicionais, noutras partes do país, levaram a imaginação mais longe.
Em Sevilha, por exemplo, Gaspar, Baltasar e Belchior chegaram em balões de ar quente para que todas as crianças os pudessem ver a partir das suas varandas, respeitando a distância social. Nas Astúrias, os três deram um passeio num autocarro descapotável. E nas Canárias, os reis ocuparam os últimos dias a fazer videochamadas com os mais pequenos para garantir que, apesar da pandemia, todos os presentes estão a salvo.
As cartas aos Reis Magos foram escritas há semanas e, por isso, todos acreditam que não vai haver atrasos. "Eu pedi uns auscultadores, uns livros e, uma surpresa... Aquilo que quiserem trazer", diz Adriana. Ao lado, a irmã, Iria, de 7 anos, para de patinar para também descrever a lista: "Quero um microfone, uns sapatos de salto alto e uma peruca". Mais à frente, Eva, também de sete anos, vai dizendo, envergonhada, que pediu "dois livros, uma bicicleta e mais coisas que não me lembro".
Este ano, aos nervos pela chegada dos Reis Magos, os mais novos juntaram a preocupação pelas dificuldades extra que impõem as restrições e decidiram recompensar-lhes o esforço.
"Deixei-lhes um bolo-rei e um desenho em casa, porque acho que com a pandemia vão chegar mais cansados", explica Iria. Na casa de Juan, de 8 anos, espera-lhes "fruta e copos de água".
E entre os pedidos, de todas as cartas dos mais pequenos, há um que desejamos todos. "Eu pedi a cura da Covid-19", garante Juan. Para já, o novo ano trouxe as vacinas e a esperança de que em breve as ruas voltem a encher-se de gente, sem restrições, sem máscaras e sem distância social.
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