Em Telavive já faltam alimentos nos supermercados. Portuguesa em Israel aguarda viagem até Chipre
Rosa Brissos, uma portuguesa em Israel, conta que as pessoas estão a ser aconselhadas a armazenar comida nos abrigos.
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Rosa Brissos é uma portuguesa que ainda aguarda voo de regresso em Israel. Virá no segundo voo operado pelo C-130 da Força Aérea Portuguesa e que levará os cidadãos nacionais residentes em Israel até Chipre.
Está há dois anos e meio no país a fazer um pós-doutoramento em microbiologia, mora a cerca de 30 minutos de Telavive e espera a toda a hora um contacto da embaixada. "Não temos qualquer informação sobre o voo de hoje, apenas para aguardarmos pelo e-mail", afirma esta investigadora. Sabe que assim que receber esse contacto da embaixada terá de se deslocar por meios próprios e fazer a viagem para o aeroporto. "Neste momento ainda é seguro", considera. Rosa trabalha no Weizemann Institut of Science e revela que já vários colegas que trabalham consigo fizeram esse trajeto e "de momento" ainda é seguro.
Esta cidadã portuguesa conta que desde ontem começaram a faltar géneros alimentícios nos supermercados. "Ontem deram-nos a informação de que seria melhor termos comida nos shelters (abrigos) e já sabemos que houve ruturas de stocks em algumas coisas", adianta. No entanto, as lojas ainda estão abertas e as pessoas tentam fazer uma vida o mais normal possível. Embora nas últimas horas não tenham caído rockets na zona onde vive, "há muito receio, muita tensão, há pessoas que continuam desaparecidas e continuamos à espera de como se vai desenrolar a situação". Rosa Brissos conta que alguns dos seus colegas israelitas investigadores foram chamados para o serviço militar. "Não temos grande informação, apenas sabemos que estão bem", assegura.
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A investigadora portuguesa ressalva que Portugal é dos poucos países que está a ir resgatar os seus cidadãos em Israel e dá o exemplo dos seus colegas franceses e alemães que, ao que sabe, estão por conta própria a tentar sair em voos comerciais.
No entanto, alinha pelas críticas que têm sido feitas à embaixada e afirma que os serviços consulares só muito tarde entraram em contacto com os portugueses que vivem em Israel.
Rosa Brissos garante que a falta de eficácia da embaixada é recorrente. "É um atendimento meio disfuncional. Eu estou em Israel há dois anos e meio e há papéis de que ainda não tratei porque não me respondem aos e-mails", assegura.
"Nesta situação, nas primeiras horas, houve pânico da comunidade portuguesa e só depois foi criado um grupo de WhatsApp por pessoas que trabalham na embaixada, mas bastante depois e nada institucional", aponta. Os portugueses só na segunda-feira receberam contacto formal por parte das autoridades portuguesas sobre o voo que iria trazer os portugueses até ao Chipre.