Embaixador do Irão diz que 7 de outubro "é o resultado de 80 anos de crueldade" e "o falhanço da lei internacional"
Majid Tafreshi assume que "o 7 de outubro não devia ter acontecido". No entanto, questiona "quem o causou", atirando as culpas para Israel
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O embaixador do Irão em Lisboa considera que o ataque do Hamas a Israel há dois anos resulta de "80 anos de crueldade" e demonstra "o falhanço da lei internacional".
"É o resultado de 80 anos de crueldade. Quiseram defender a sua soberania. É o falhanço da lei internacional. Mesmo que aceitemos aquilo que os europeus deixaram para os palestinianos, ao abrigo dos Acordos de Oslo, aquela terra pertence-lhes. Portanto, defenderam aquilo que vocês, na União Europeia, dizem que lhes pertence", disse Majid Tafreshi, numa conferência de imprensa convocada para dar conta da insatisfação iraniana com a aprovação do mecanismo de restauração automática de sanções à república islâmica por parte de França, Alemanha e Reino Unido, mas que o dia que se assinala esta terça-feira obrigava a outros assuntos.
Questionado sobre as mais de 1200 vítimas do 7 de outubro de 2023, o embaixador iraniano afirma que "qualquer ataque sobre civis deve ser condenado", mas argumenta: "Devemos ir às raízes e ter uma estratégia para que não se repita. Mas por que é que fala do 7 de outubro? Voltemos a antes disso, ao [massacre de] Sabra e Chatila, aos ataques ao Líbano."
Novamente confrontado com o facto de passarem dois anos sobre o ataque do Hamas, Majid Tafreshi assume que "o 7 de outubro não devia ter acontecido", No entanto, questiona "quem o causou", atirando as culpas para Israel.
E o pano de paz apresentado por Donald Trump, o embaixador acredita nele? "Qualquer comportamento para acabar com uma guerra é bom, mas não pôr bombas à frente das vítimas e fazê-las explodir, como vimos em imagens."
Em resposta à pergunta sobre se tem uma nova guerra entre o Irão e Israel, Majid Tafreshi chuta a bola para o lado: "Tudo o que venha de Israel é previsível, porque eles fazem tudo para aterrorizar."
Outras duas preocupações atuais do Irão são o facto de os países árabes estarem a usar a terminologia Golfo, em vez de Golfo Pérsico - lembra que o nome foi dado pelos portugueses há 500 anos - e também facto de os Emirados Árabes Unidos reclamarem para si as ilhas Grande Tunb, Pequena Tunb e Abu Musa. Novo conflito na região? O Irão promete exercer soberania.