Embaixador português no Congo espera que eleições tenham sido "credíveis e justas"
António Inocêncio Pereira, embaixador português na República Democrática do Congo, considera que o dia das eleições foi "relativamente calmo", apesar dos incidentes, e espera que os resultados sejam provenientes de uma votação transparente.
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As eleições presidenciais na República Democrática do Congo decorreram durante este domingo, há registo de dois mortos e alguns problemas, mas o embaixador de Portugal no país, António Inocêncio Pereira, considera que o ato eleitoral foi "relativamente calmo no conjunto do território".
"O Congo é um país enorme, 24 vezes maior do que Portugal e obviamente nesta noção global de dia calmo há muitos pormenores que aconteceram, designadamente problemas na parte da manhã relacionados com atrasos, problemas de organização e de logística que fizeram com que as votações começassem bastante tarde em muitos centros de voto", explicou, referindo mesmo que "algumas só iniciaram votação na parte da tarde".
António Inocêncio Pereira revelou, em entrevista à TSF, que houve locais identificados para votar que "não são tidos por adequados de acordo com a lei eleitoral", nomeadamente "esquadras da polícia e sedes de partidos". E, no que toca a fraudes, o embaixador destaca uma denúncia na localidade de Inongo, onde foi revelada a "existência de várias máquinas que estavam com vícios de programação que faziam com que um voto na pessoa A fosse parar à pessoa B". Agora, é preciso perceber "se é um caso isolado ou se foi replicado noutros locais".
A violência que levou à morte de duas pessoas deveu-se à vandalização de máquinas avariadas, o que resultou na intervenção da polícia que "atirou com balas reais", e provocou vítimas mortais.
Ainda sobre o dia de votações, António Inocêncio Pereira referiu que houve localidades excluídas da votação por situações de ébola e grupos armados que acabaram por se organizar para um "voto alternativo". "Tudo leva a crer que a central eleitoral não vai reconhecer esse voto", mas ainda não há garantias. No entanto, o embaixador relembra que estão em causa "um milhão e tal de eleitores privados de votos".
Em relação ao futuro, o embaixador não quis adiantar-se muito mas garantiu que parte da população quer o seguimento da linha do atual Presidente, mas outra deseja uma mudança. Como tal, "ficamos sem saber se as coisas vão numa situação ou noutra". António Inocêncio Pereira espera apenas que os resultados "sejam na consequência de eleições credíveis, transparentes e justas".