Os preparativos estão em marcha para um encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin. Há mais de quatro anos que não há um encontro entre os presidentes das duas potências. O líder do Kremlin sugeriu que o encontro possa acontecer nos Emirados Árabes Unidos.
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Sabe-se que pode ser nos próximos dias, o mais tardar no início da semana que vem. A acontecer, será o primeiro encontro Putin-Trump desde que o condenado presidente regressou à Casa Branca.
Os preparativos para a reunião estão em andamento e o "local já foi definido", acrescentou a agência de notícias estatal russa TASS, citando o mediador russo Yuri Ushakov. Em conversa com jornalistas, Putin afirmou posteriormente que tanto os EUA quanto a Rússia demonstraram interesse na reunião e nomeou os Emirados Árabes Unidos (EAU) como um possível local.
"Temos muitos amigos dispostos a ajudar-nos a organizar um evento desse tipo. Um desses amigos é o presidente (Xeque Mohamed bin Zayed Al Nahyan) dos Emirados Árabes Unidos", disse Putin ao lado do líder dos EAU, que está em visita oficial a Moscovo.
Trump e Putin vão discutir a guerra na Ucrânia, certamente. Assessores seniores da Casa Branca dizem ao jornal Guardian que há impedimentos sérios ainda, para que um cessar-fogo seja conseguido, especialmente em relação às reivindicações territoriais feitas pela Rússia, não largar nada do que conquistou e reivindicar a soberania sobre territórios que ainda não ocupa, sendo que não há nenhuma proposta concreta de cessar-fogo na mesa.
Há muito que diplomatas dos dois países trabalham na realização deste encontro. Não há um encontro entres os chefes de estado russo e americano desde que o senhor do Kremlin e Joe Biden se encontraram em junho de 2021 em Genebra, na Suíça.
O New York Times e a CNN adiantam que Trump quer estar com Putin e depois com Zelensky e ainda com o presidente ucraniano e Putin ao mesmo tempo.
Questionado sobre a possibilidade de se encontrar com Zelensky, Putin respondeu: "Já disse muitas vezes que não tenho nada contra isso, em geral — é possível. Mas certas condições precisam ser criadas para isso. E, infelizmente, ainda estamos longe de as ter."
Zelensky enfatizou já esta quinta-feira que uma reunião entre líderes é um passo crucial para uma "paz verdadeiramente duradoura".
Estes avanços surgem depois do encontro do enviado americano Steve Witkoff com o líder russo no Kremlin esta quarta-feira. Após o encontro, Trump afirmou que "grande progresso foi feito" durante as negociações para o fim da guerra na Ucrânia. Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, mais cauteloso, disse à imprensa que não queria exagerar no progresso alcançado durante as conversas de Witkoff com Putin. Sobre o encontro do presidente americano com Putin e Zelensky, o secretário de estado, equivalente ao MNE, disse que "muita coisa precisa acontecer antes que isso ocorra".
Na noite de ontem, Trump ligou a Zelenskyy, que regressava a Kiev de uma visita a áreas da linha de frente no nordeste do país. Putin tem dado poucas indicações de que esteja pronto para fazer concessões ou disposto a ajustar os principais objetivos russos na guerra. No entanto, houve relatos não confirmados nos últimos dias de que o Kremlin poderia propor a Trump a suspensão dos ataques de longo alcance de ambos os lados.
O jornal digital ucraniano Kyiv Independent noticia que "Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia, disse hoje (7 de agosto) que uma possível reunião entre Trump e Putin poderia fortalecer a cooperação econômica entre Washington e Moscovo e incentivar o desenvolvimento de projetos de investimento conjuntos".
A ameaça de tarifas secundárias pode estar a pesar para a realização da cimeira bilateral: Trump prometeu impor tarifas secundárias a países que importem petróleo russo caso não haja progresso em direção a um acordo de paz na Ucrânia até amanhã. Ontem, quarta-feira, emitiu uma ordem executiva impondo uma tarifa adicional de 25% sobre produtos indianos, citando as importações contínuas de petróleo russo pela Índia.
Recentemente, a Ucrânia atingiu a infraestrutura energética e militar russa com drones de longo alcance, forçando ao encerramento de muitos aeroportos russos. Enquanto isso, ataques com mísseis e drones russos contra cidades ucranianas continuam quase todas as noites. Nalgumas noites, a Rússia envia até 500 drones kamikazes de longo alcance sobre a Ucrânia; só em Kiev, 72 pessoas foram mortas assim desde maio.
O enviado de Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, deve visitar a capital ucraniana nos próximos dias, embora ainda não tenha sido apontada uma data específica.