Renúncia surge depois de Volker ter sido convocado para depor nas comissões que investigam os contactos do Presidente dos EUA com a Ucrânia. O Congresso pediu também ao secretário de Estado Mike Pompeo que entregue documentos da investigação ucraniana.
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O emissário dos Estados Unidos para a Ucrânia, Kurt Volker, renunciou na sexta-feira após ser convocado pelo Congresso para depor numa investigação que pode resultar na destituição do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Uma fonte ligada ao processo, que pediu anonimato, confirmou a renúncia de Volker, que já tinha sido revelada pelo jornal estudantil da Universidade do Estado do Arizona, onde o diplomata dirige um instituto.
Várias comissões do Congresso dos Estados Unidos que investigam os contactos do Presidente norte-americano, Donald Trump, com Kiev, para iniciar um julgamento político, requereram documentos ao secretário de Estado, Mike Pompeo.
As comissões também chamarão a depor durante as próximas duas semanas cinco funcionários do Departamento de Estado - equivalente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros - com conhecimento dos factos que investigam, segundo um comunicado conjunto.
Entre os citados figura Kurt Volker, a embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Marie Yovanovitch, que deporá a 02 de outubro, e o embaixador de Trump para a União Europeia (UE), Gordon Sondland (dia 10).
Estas são as primeiras citações emitidas pelas comissões que, desde terça-feira, investigam os contactos entre Trump e Kiev para desencadear um processo político de destituição do Presidente norte-americano, uma ação ordenada pela presidente da Câmara Baixa, a democrata Nancy Pelosi.
Os Democratas consideram que Trump usou o seu cargo presidencial para pressionar Zelensky a prejudicar um adversário político, dizendo que isso se enquadra na tipologia de "crimes e delitos graves" que podem levar a um processo de destituição.
No epicentro do terramoto político encontra-se a chamada de 25 de julho na qual Trump pediu ao homólogo ucraniano, Vladimir Zelenski, que investigasse o ex-vice-presidente e pré-candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, e a família, por alegada corrupção na Ucrânia.
Trump, além do mais, bloqueou uma transferência de cerca de 400 milhões de dólares (cerca de 365 milhões de euros) em ajuda militar a Kiev, semanas depois do telefonema com Zelenski.
A chamada levou um funcionário - um agente da CIA, de acordo com o jornal New York Times -, a apresentar uma queixa interna que, após uma luta política entre o Congresso e o Governo, se tornou pública esta semana e provocou o início do processo para um julgamento político contra Trump.
Na quinta-feira, Pompeo tentou demarcar o Departamento de Estado do escândalo com a Ucrânia, perante a crescente suspeita do Congresso sobre o possível papel do titular dos Negócios Estrangeiros.
"Até onde sei, e pelo que vi até agora, todas as ações dos funcionários do Departamento de Estado foram completamente adequadas e coerentes com o objetivo que temos tido", disse Pompeo.
Não obstante, o advogado pessoal do Presidente, Rudy Giuliani, que é descrito na queixa como "figura central" da trama, afirmou que os seus contactos com a Ucrânia ocorreram na sequência de um pedido do Departamento de Estado.