O Sindicato Nacional dos Mineiros (NUM) e a administração da Lonmim assinaram, esta madrugada, um acordo de paz que poderá criar as bases para o regresso ao trabalho de milhares de mineiros em greve há quase um mês.
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O acordo, assinado em Rustenburg, com mediação do Ministério do Trabalho e vários líderes religiosos, prevê o reinício da laboração na mina da Lonmin em Marikana e o reatamento das negociações salariais, com o abandono das exigências atuais dos trabalhadores, que se têm recusado a negociar abaixo dos 12.500 rands (1.190 euros) mensais.
No entanto, não é ainda claro se o acordo permitirá a normalização da situação na área, onde 34 mineiros foram mortos num tiroteio com a polícia, depois de outras dez pessoas terem perdido a vida em confrontos entre mineiros em greve, seguranças da empresa e agentes da autoridade, uma vez que um dos sindicatos envolvidos nas negociações (AMCU) e o grupo de representantes dos mineiros não assinaram o documento.
A existência de várias partes à mesa das negociações e representação dos mineiros de Marikana tem sido um dos principais obstáculos ao diálogo neste conflito laboral nas minas de platina. Apesar de estarem ativos no terreno dois sindicatos - o NUM, filiado na central COSATU, e o AMCU, independente - os mineiros elegeram um comité de cinco membros que os representam, também, nas negociações.
Um outro obstáculo à criação de um clima favorável à resolução do conflito e que está longe de resolvido é a detenção de 270 mineiros pelas autoridades, após o tiroteio das forças da ordem há três semanas.
Apesar do Ministério Público ter retirado as acusações de homicídio contra os mineiros, apenas uma parte dos detidos foi libertada, estando a decorrer hoje no tribunal de Ga-Rankuwa mais uma audiência do processo.
Ainda assim, alguns dos mineiros que assinaram o acordo de paz estão otimistas quanto à sua implementação.
S'Du Dlamini, presidente da COSATU, declarou existirem agora as bases para uma negociação salarial «realista e sensata». Enquanto Sue Vey, porta-voz da empresa Lonmin, salientou os progressos efetuados pelos negociadores.
«Este [acordo] foi um passo na direção certa. Esperamos que os trabalhadores adiram a ele rapidamente», disse esta madrugada em Rustenburg a porta-voz.