Obras e reabilitação desvendaram objetos arqueológicos que vão desde o início do século XIX até aos primeiros anos do século XX.
Corpo do artigo
Mais de 30 mil peças arqueológicas foram encontradas no zoológico do Rio de Janeiro durante as obras de modernização que estão a ser realizadas, informou esta sexta-feira a prefeitura do Rio de Janeiro, que administra o local.
Trata-se de uma variedade de objetos, principalmente do século XIX, encontrados por trabalhadores responsáveis pelas obras de modernização do zoológico, uma descoberta que é considerada "um verdadeiro tesouro arqueológico".
Os objetos, que segundo especialistas vão desde o início do século XIX até aos primeiros anos do século XX, narram parte da história do Brasil, do Rio de Janeiro e da Quinta de Boa Vista, o complexo que abriga não apenas o zoológico, mas também o palácio em que a família real se instalou.
"Grande parte dos elementos remonta a meados do século XIX, quando no local (onde foram encontrados) existia uma vila para os funcionários do Palácio Imperial", afirmou a prefeitura em comunicado.
Segundo a informação, muitos desses elementos vieram da Europa junto com a família real portuguesa, que se instalou no Rio de Janeiro.
A Quinta da Boa Vista, um grande parque no norte do Rio de Janeiro, abriga o antigo Palácio Imperial, onde funcionava o Museu Nacional, que sofreu um grave incêndio no ano passado. No incêndio perdeu-se grande parte da memória histórica do país, com 90% do acervo do useu a ser destruído pelas chamas, e de cuja sede apenas se salvou parte da estrutura e da fachada foram salvas, em atual processo de reconstrução.
O parque também abriga o Zoológico do Rio de Janeiro, que está igualmente a realizar obras de modernização da sua infraestrutura.
Além dos objetos relacionados com a época imperial, também foram encontrados vestígios de um antigo quartel, construído após a Proclamação da República (1889), com o objetivo de "apagar" o passado monárquico do Brasil.
Uma grande variedade de artigos quotidianos tais como louças, copos, pratos, talheres e ferraduras fazem parte do novo tesouro arqueológico, e até botões de uniformes militares da época imperial estão entre os achados.
Uma parte dos objetos integrará uma mostra permanente dentro do novo zoológico, quando for modernizado, e serão expostos no local onde funcionou uma escola de formação técnica para os trabalhadores no Palácio da Quinta da Boa Vista.
A escola, que foi inaugurada por Pedro II, imperador do Brasil, recebia filhos de escravos e era mista, tendo sido considerada uma inovação para a época.
As obras de escavação e resgate arqueológico foram acompanhadas por técnicos do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e por funcionários da Fundação RioZoo.