Encontro de Guterres com Putin: líder da ONU "corre risco" de ser considerado "demasiado compreensivo com agressor"
Germano Almeida aponta, na TSF, que o secretário-geral da ONU pode sair do encontro com o Presidente russo "com garantias de apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia"
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O encontro desta quinta-feira do secretário-geral da ONU com Vladimir Putin, em território russo, coloca António Guterres numa situação de "risco" por poder ser acusado de ser "demasiado compreensivo com o lado autocrático e agressor". Quem o diz é o comentador de política internacional da TSF Germano Almeida.
Em declarações à TSF, Germano Almeida considera que o facto de o líder da ONU ter aceitado estar na Rússia, à margem da cimeira dos BRICS, o coloca numa situação de maior pressão.
"Guterres, a partir do momento em que aceita estar em território russo, a falar com o agressor, com Putin, ou sai desse encontro com garantias de apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia, numa altura em que o Presidente Zelensky apresentou o seu plano de vitória - e recordo que Guterres não esteve na cimeira da paz promovida pelo Presidente ucraniano na Suíça -, ou, se não sai com essa garantia, é mais um momento em que corre o risco de poder ser acusado - bem ou mal - por parte de Zelensky e de outros líderes ocidentais, que está a ser demasiado compreensivo com o lado autocrático e agressor", explica.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, chegou na quarta-feira à cidade russa de Kazan para participar na 16.ª cimeira do bloco de economias emergentes BRICS e reunir-se com o Presidente russo, Vladimir Putin.
O encontro com o líder do Kremlin, que tem lugar esta quinta-feira, é "uma das principais razões para a sua presença", disse o porta-voz adjunto do secretário-geral, Farhan Haq.
Esta é a primeira vez que Guterres e Putin se encontram desde abril de 2022, dois meses após o início da campanha militar russa na Ucrânia.
Haq assumiu que Guterres vai sublinhar a Putin "a sua posição bem conhecida sobre a guerra na Ucrânia e as condições para uma paz justa baseada na carta fundadora da ONU e nas resoluções", referindo-se à integridade territorial e soberania da Ucrânia.
O grupo BRICS, inicialmente constituído pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, alargou-se para nove membros com a inclusão do Irão, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, e pretende tornar-se um poderoso contrapeso ao Ocidente.