Encontro desta segunda-feira entre Trump e Netanyahu "é o mais dramático de todos"
A opinião é do jornalista Henrique Cymerman, correspondente da SIC no Médio Oriente, numa entrevista à TSF a propósito do livro "O Enigma de Israel", que é posto à venda esta terça-feira e é apresentado em Lisboa na próxima semana, exatamente dois anos depois dos atentados de 7 de outubro
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O presidente dos EUA, Donald Trump, vai apresentar um novo plano de paz para pôr fim à guerra na Faixa de Gaza durante as conversações na Casa Branca com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que decorrem esta segunda-feira.
Na sexta-feira, Trump falou sobre as perspetivas de se alcançar um acordo, mostrando-se otimista. Netanyahu disse, no domingo, que o acordo "ainda não está finalizado", enquanto o Hamas afirmou que não recebeu formalmente a proposta.
De acordo com cópias do plano, divulgadas pela imprensa norte-americana e israelita, o acordo prevê a libertação de todos os reféns no prazo de 48 horas após a confirmação desta proposta. Assim que forem libertados, é a vez de Israel: terá de libertar centenas de prisioneiros palestinianos que cumprem pesadas penas de prisão por crimes de sangue.
O jornalista Henrique Cymerman, correspondente da SIC no Médio oriente, diz na TSF o que espera deste encontro na Casa Branca: "É a quarta reunião de ambos os líderes no último ano e é o mais dramático de todos. Acredito que é o princípio do fim, acredito que vamos ver uma situação diferente. De uma reunião com o Presidente dos EUA saíram membros de oito países árabes e muçulmanos — que pela primeira vez incluía a Turquia (um país que tem muita influência sobre o Hamas, que diz que o Hamas não é uma organização terrorista, é o único, eu acho, porque a Liga Árabe afirma que é uma organização terrorista) — mas, mesmo assim, eles saíram de uma reunião com o Trump sem falar aos meios de comunicação. Não é por acaso. É porque realmente há sobre a mesa alguma coisa substancial, significativa, que pode mudar a situação não só em Gaza, como até criar uma nova situação geopolítica na região que possa levar à ampliação dos Acordos de Abraão, à normalização entre Israel e a Arábia Saudita e realmente, de forma séria, tentar voltar a um caminho que possa no futuro levar a uma solução do tema palestiniano."
E prossegue: "Tenho a impressão, sendo correspondente aqui e sabendo que este é o lugar do mundo com mais jornalistas estrangeiros por metro quadrado, que a quantidade de informação que sai daqui não tem muito a ver com a qualidade da informação que se recebe no resto do mundo. Tenho a impressão que se informa muito, mas se sabe relativamente pouco. Há muita ignorância ainda e há muitos estereótipos.".
Então, o seu livro O Enigma de Israel, que é colocado à venda esta terça-feira, "tem um pouco o objetivo de tentar lutar contra este apagão, este blackout informativo".
"É extremamente importante aclarar coisas básicas e mostrar as luzes no fim do túnel também. Mostrar que há uma esperança apesar de tudo e que não temos o privilégio de rendermo-nos às circunstâncias e aos radicais, e que é preciso uma coligação de todos aqueles no Médio Oriente e no mundo que estão dispostos a tentar lutar por um futuro diferente nesta região do mundo".
A esperança de Henrique Cymerman num futuro em paz no Médio Oriente, com um Estado da Palestina ao lado do Estado de Israel.