Encontro entre Putin e Trump no estado norte-americano do Alasca, um local que não é inocente
É um sítio que fica longe de tudo, em especial do barulho mediático e estratégico da costa leste americana e da Europa. O ambiente reservado pode ser o ideal para a cimeira entre Donald Trump e Vladimir Putin
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São pouco mais de três quilómetros que separam a Sibéria do Alasca. A Rússia e os Estados Unidos são aqui vizinhos muito próximos, basta atravessar o Estreito de Bering, que liga o Pacífico e o Ártico. Para chegar à capital do Alasca só mesmo de barco ou de avião. O território norte-americano, que já foi russo há mais de século e meio, assume este simbolismo de ser o contacto geográfico entre estas duas potências e, por isso, é considerado um local natural para encontros diplomáticos.
É um sítio que fica longe de tudo, em especial do barulho mediático e estratégico da costa leste americana e da Europa. O ambiente reservado pode ser o ideal para esta cimeira entre Donald Trump e Vladimir Putin.
O governador do Estado do Alasca, um republicano, descreve este território como o local mais estratégico do mundo. Mike Dunleavy, com orgulho, diz que nenhum outro lugar tem um papel tão vital na defesa norte-americana, na segurança energética e na liderança do Ártico. Do lado russo, o conselheiro de Vladimir Putin afirma que, se os russos e os norte-americanos partilham esta fronteira, parece bastante lógico que a delegação de Moscovo sobrevoe simplesmente o Estreito de Bering.
Desde os anos 90, aqui o Alasca tem sido palco para reuniões estratégicas envolvendo os países do Ártico, incluindo russos e americanos, para falar em temas como segurança e cooperação internacional. Durante a Guerra Fria, foi ponto central de vigilância e defesa contra a União Soviética.
O Alasca fez parte do Império Russo até 1867, na altura um império em dificuldades financeiras e com a perspetiva de perder este território para o Império Britânico que detinha o vizinho Canadá.
Antes que isso acontecesse, e para ter alguma vantagem financeira, o czar Alexandre II vendeu o Alasca aos Estados Unidos. Na altura, a opinião pública norte-americana considerou esta compra absurda e uma verdadeira loucura. Agora, vai servir de terreno para a conversa de Donald Trump com Vladimir Putin, esperando-se, no entanto, que o ambiente gelado da Sibéria e do Alasca não seja convidado para a mesa das negociações.
