Esta viagem à Rússia acontece três semanas depois da visita do cardeal Zuppi a Kiev.
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O enviado do Papa para a guerra na Ucrânia, o cardeal italiano Matteo Zuppi, estará em Moscovo entre quarta-feira e a quinta-feira numa missão de paz encomendada por Francisco, divulgou esta terça-feira o Vaticano.
"O objetivo principal da iniciativa é promover gestos de humanidade, que possam contribuir para uma solução para a trágica situação atual e encontrar caminhos para alcançar uma paz justa", de acordo com o Vaticano.
Para Marcos Farias Ferreira, professor universitário e doutorado em Relações Internacionais, esta "movimentação diplomática do Vaticano deve ser vista a médio/longo prazo", com pouca fé nos resultados imediatos, porque, "no curto prazo, as lógicas de guerra vão manter-se".
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Ainda assim, o professor universitário considera "importante maximizar todas as vias diplomáticas".
"É importante que em qualquer momento, ou por alguma alteração súbita e de surpresa que surja, estejam criadas as estruturas de conversação, de negociação, que levem os atores principais e outros, os seus aliados, à mesa de negociações", defende em declarações à TSF.
Sobre a rebelião do Grupo Wagner, Marcos Farias Ferreira considera "prematuro" afirmar que o regime Vladimir Putin tenha "tremido" com a ação e isso foi, na sua opinião, visível no fim de semana.
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"Pode ter havido demasiada cautela da oposição extraparlamentar, mas foi muito significativo que não houvesse manifestações de grupos que tentassem aproveitar a janela de oportunidade que se abriu durante 15 horas. Ou seja, se fosse tão real este desafio, que tem sido sublinhado sistematicamente, de chegaram a 200 km de Moscovo, conquistarem duas cidades, se isso fosse realmente um fator decisivo, teria provocado manifestação e o posicionamento de outras forças oposicionistas que certamente existem na Rússia", esclarece.
Esta viagem à Rússia acontece três semanas depois da visita do cardeal Zuppi a Kiev, onde se encontrou com o Presidente ucraniano, Volodomyr Zelensky.
Até ao momento, o Vaticano não divulgou a agenda do cardeal Zuppi na capital russa. O enviado do Papa poderá encontrar-se com o patriarca ortodoxo, Cirilo I, favorável à invasão russa na Ucrânia que teve início em 24 de fevereiro de 2022.
Desconhece-se ainda se está previsto um encontro entre Zuppi e o Presidente russo, Vladimir Putin. Em Kiev, o enviado papal teve vários encontros e ouviu o Presidente Zelensky reafirmar que não aceitará qualquer cessação de hostilidades que não inclua a retirada da Rússia do território ucraniano.
Em resposta, Moscovo disse que as autoridades de Kiev têm de se adaptar à nova realidade. A Ucrânia e a Rússia ainda participaram em conversações nos primeiros meses da guerra, mas sem sucesso.
Até agora, falharam todas as iniciativas para que as duas partes retomassem o diálogo.