O candidato socialista posicionou-se mais ao centro e endureceu o discurso com a Catalunha.
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Eram quatro contra um, e Pedro Sánchez sabia-o. O líder socialista enfrentou o único debate da campanha consciente de que ia ser o centro de todos os ataques por parte dos adversários e preparou-se para encaixar os golpes.
Como seria de esperar, o conflito catalão foi o que levantou mais polémica, monopolizando todas as discussões, mesmo quando o tema era outro. Pablo Casado e Albert Rivera acusaram, uma e outra vez, Pedro Sánchez, de querer pactuar com os independentistas.
"Vai receber os votos de Junts pel Cat, Esquerra Republicana e a abstenção de Bildu, como fez na moção de censura, nos orçamentos sociais? Sim ou não?", perguntou o líder do PP.
Sánchez lembrou que a repetição de eleições é a melhor prova de que não está nos seus planos chegar a acordo com os políticos catalães e sacudiu a pressão com o anúncio de três medidas. "Vamos aprovar uma nova disciplina para toda a escolaridade obrigatória de educação em valores civis, constitucionais e éticos. Vamos modificar a lei geral audiovisual para que os conselhos de administração dos meios públicos de comunicação tenham que ser aprovados por maioria de dois terços dos parlamentos autonómicos. E finalmente vamos incluir no código penal um delito para proibir a realização de referendos ilegais", anunciou.
O candidato socialista endureceu o discurso com a Catalunha durante todo o debate e prometeu mesmo trazer de volta Carles Puigdemont, "que o PP deixou fugir", para ser julgado em Espanha.
Consciente de que não é especialmente hábil nos debates, Sánchez evitou ao máximo a improvisação e quis apresentar-se como um candidato mais de centro, procurando roubar votos ao Ciudadanos e manter as distâncias com Iglesias
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Já o líder do Podemos, sem deixar de insinuar que Sánchez prefere um pacto com a direita, estendeu-lhe a mão mais de uma vez, e insistiu na formação de um Governo de esquerda. "Mais importante do que governe o Sr. Sánchez ou eu é que haja um Governo de esquerda, e isso passa por conseguir chegar a acordo, porque, se isso não acontecer, vai haver acordo à direita."
À direita, Casado e Rivera envolveram-se em várias discussões diretas. Algumas foram de tal forma violentas que o líder do PP teve de lembrar ao do Ciudadanos que não é seu adversário. "O que lhe quero dizer, sr. Rivera, é que não se engane de adversário, estamos todos contra o que faz a esquerda e o nacionalismo, deixe de arremeter contra quem não deve", disse.
A novidade do debate foi a presença da extrema-direita. A subir nas sondagens, Santiago Abascal ignorou a maioria das discussões e limitou-se a repetir a mensagem do seu partido sem querer entrar em polémicas. "Queremos combater a imigração ilegal e queremos defender a liberdade contra a ditadura progressista que enfrenta os espanhóis, que pretende que as mulheres se enfrentem contra os homens e que e que quer que os netos tenham de condenar os seus avós", declarou.
Sánchez criticou o tom racista e xenófobo do líder do Vox, e acusou Rivera e Casado de serem cúmplices da extrema-direita já que nenhum dos dois se desmarcou das posições extremistas."Tenho inveja da direita europeia que isola a extrema-direita. Definitivamente, Sr. Casado e Sr. Rivera os senhores são uma direita cobarde com uma extrema-direita bastante agressiva", atirou.
A exumação de Franco também teve lugar de destaque durante o debate. Abascal acusou Sánchez de "querer voltar a dividir os espanhóis". Sánchez reivindicou a exumação como "um ato de reconciliação histórica" e voltou à carga. "Vamos incluir no código penal os delitos de apologia do fascismo, do franquismo e dos totalitarismos e vamos promover as mudanças legais para dissolver a fundação Francisco Franco", explicou.
As eleições são já este domingo e as sondagens preveem que ocorra um novo bloqueio político. O PSOE deve ganhar, mas nem o bloco de esquerda nem o de direita devem conseguir a maioria absoluta.