Numa altura em que estão contados 99,9% dos votos, o atual Presidente da Turquia alcançou 49,2%.
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O Presidente da Turquia não conseguiu segurar a maioria absoluta que detinha desde 2014 e deverá ir a uma segunda volta. A agência de notícias turca dá conta de que estão contados 99,99% dos votos, tendo Erdogan alcançado 49,4% dos votos e Kemal Kılıçdaroğlu 45%.
Ainda não se trata da divulgação do número definitivo mas as eleições presidenciais turcas encaminham-se para uma segunda volta, com o Presidente Recep Tayyip Erdogan, que governa o país há 20 anos, a liderar sobre o principal adversário, mas a ficar aquém dos votos necessários para uma vitória absoluta.
O terceiro candidato, o nacionalista Sinan Ogan, obteve 5,2% dos votos, até ao momento.
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As eleições turcas contam com um grupo de observadores, entre os quais o deputado português André Coelho Lima, que, em declarações à TSF, destacou o elevado índice de participação. Nestas eleições, as mais participativas de sempre, votaram 53 milhões de turcos de um total de 64 milhões de inscritos.
"É uma coisa absolutamente fantástica, são números que ultrapassam a nossa realidade e no terreno sente-se exatamente isso. As pessoas vêm votar em família, fazem questão de vir votar, [senti] um ambiente muito tranquilo, não senti nenhum tipo de pressão. Isto também não pode ser representativo da realidade do país, este é um país muito diferente. Eu estive na zona urbana, na zona europeia de Istambul, portanto é diferente de estar nas zonas mais rurais. Não é um espelho do que acontece no país, é apenas um reflexo daquilo que eu vi, mas o que vi - à semelhança daquilo que tenho visto um pouco pelo mundo fora - é um processo eleitoral a decorrer com plena normalidade e respeito pelas regras da democracia", explica André Coelho Lima.
Segundo o deputado do PS Paulo Pisco, que está na costa oeste da Turquia enquanto observador de uma missão do Conselho da Europa, na hora de contar os votos, tudo correu sem grandes sobressaltos. Paulo Pisco reconhece, ainda assim, que o dia nas urnas foi marcado por alguns momentos de tensão.
"Algumas pessoas procuravam insistentemente que votos sem a devida identificação pudessem ser contados, mas nada disto acabou por ter impacto nos resultados, portanto, foram casos menores. Grande parte dos observadores eleitorais disseram que foram bem acolhidos, que não havia nenhum tipo de perturbação", explicou à TSF Paulo Pisco.
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Enquanto observador do Conselho da Europa, o deputado socialista encontrou uma cobertura mediática muito desigual. Paulo Pisco sublinha as críticas da oposição de Erdogan ao trabalho dos canais de informação do Estado.
"Os meios de comunicação do Estado davam, em grande percentagem, notícias sobre o candidato Erdogan, enquanto os outros candidatos tiveram espaço mediático muito reduzido", nota o deputado, sublinhando que "houve uma grande discriminação que foi anunciada pelos representantes dos partidos relativamente à cobertura".
Erdogan, 69 anos, disse aos apoiantes durante a madrugada que ainda podia ganhar mas que respeitaria a decisão caso venha a realizar-se uma segunda volta no próximo dia 28 de maio.
Kılıçdaroğlu, 74 anos, mostrou-se esperançado numa vitória na segunda volta.
"Vamos ganhar com certeza a segunda volta e trazer a democracia", disse Kılıçdaroğlu.
Até ao momento, os resultados das eleições mostram que o Partido da Justiça e do Desenvolvimento, no poder, pode vir a manter a maioria no Parlamento de 600 lugares.
A Assembleia perdeu grande parte do poder legislativo depois de um referendo em 2017, promovido por Erdogan e que alterou o sistema de governação do país para uma presidência reforçada.
* Notícia atualizada às 09h35