O Presidente Erdogan e o primeiro-ministro Binali Yildirim declararam a vitória no referendo sobre o reforço dos poderes do presidente. A reintrodução da pena de morte é prioridade para Erdogan.
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O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan descreveu a vitória do "sim" no referendo deste domingo como uma "decisão histórica" e pediu aos países estrangeiros para "respeitarem o resultado".
Erdogan considerou que os resultados demonstram que o referendo destinado a reforçar os poderes presidenciais venceu com uma margem de 1,3 milhões de votos, com uma taxa de participação "de 86 por cento".
Nestas declarações aos jornalistas, o Presidente turco assumiu um tom conciliatório. No entanto, avisou os críticos que "menosprezam" o resultado da consulta "que não o devem fazer, porque será em vão".
Numa referência à reintrodução da pena de morte, um tema que regressou à atualidade política turca na sequência do sangrento e fracassado golpe de Estado de julho de 2016, considerou que a questão "deverá ser discutida" imediatamente com os líderes políticos do país e, se necessário, levar o tema a referendo.
Antes, foi a vez do primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, ter falado sobre o resultado da votação deste domingo. No discurso de vitória na sede do seu partido, o AKP, em Ancara, Binali Yildirim reivindicou a vitória do "sim" e considerou que "com este voto, foi aberta uma nova página" da democracia turca.
"Agora, chegou o momento da solidariedade, da unidade, de sermos, todos juntos, pela Turquia", acrescentou o chefe de governo turco, lembrando que "este referendo não tem derrotados. O vencedor é a Turquia".
As principais forças da oposição já denunciaram uma fraude eleitoral e prometeram contestar os resultados que apontavam para uma vitória do "sim" com 51,35%, quando estavam contados 99,17% dos votos.
O Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata e principal força da oposição) criticou a decisão da Comissão Eleitoral em aceitar como votos válidos os boletins que não possuíam o seu carimbo oficial.
O vice-presidente do CHP, Bulent Tezcan, considerou, em declarações aos 'media', que esta decisão implica que os resultados do referendo constitucional "vão enfrentar um sério problema de legitimidade".
A Suprema Comissão Eleitoral anunciou esta decisão sem precedentes após muitos votantes terem referido que os boletins de votos que lhes foram fornecidos não possuíam o obrigatório carimbo oficial. A comissão considerou que os boletins de voto apenas podem ser considerados inválidos caso seja provado que foram introduzidos nas urnas de forma fraudulenta.
A revisão constitucional submetida ao voto dos turcos prevê a transferência do poder executivo para o presidente, a supressão do cargo de primeiro-ministro, e poderá permitir a Erdogan permanecer no poder pelo menos até 2029.
Para Erdogan, 63 anos, esta medida era necessária para dotar a Turquia de um executivo forte e estável num momento em que o país se confronta com importantes desafios económicos e securitários.
Os seus opositores denunciam um texto redigido com o objetivo prioritário de satisfazer as ambições de Erdogan, acusado de deriva autoritária, em particular após o fracassado golpe de Estado em julho de 2016.