Em entrevista à TSF, Alfred Bosch afirma que a justiça espanhola cometeu um grande erro; mais ainda, "um erro histórico".
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"Para nós, como Governo da Catalunha, é inaceitável, um escândalo; estão a condenar umas pessoas, líderes eleitos democraticamente, com um mandato que as pessoas colocaram nas urnas". Foi por convocar os cidadãos da Catalunha "para as urnas que foram julgados e agora condenados a 60 anos de prisão".
O responsável pela diplomacia exterior do Governo da Catalunha insiste que se trata de "nove pessoas, líderes políticos que não são criminosos, não fizeram nada ruim, não mataram ninguém, não roubaram", pelo que considera a situação "completamente inaceitável; não estamos na Idade Média, estamos no século XXI".
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Na entrevista à TSF, o dirigente catalão faz um apelo "ao Governo espanhol e à comunidade internacional" com vista ao diálogo e à superação de algo "impróprio de um Estado". O académico que foi jornalista premiado e autor de vários livros, além de ter desenvolvido uma tese de doutoramento sobre o legado político de Nelson Mandela, considera que as sentenças do Supremo espanhol são "um ataque aos valores democráticos e aos direitos humanos".
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No entender do homem que acumula a pasta das Relações Exteriores com as Relações Institucionais e a Transparência no Governo da Generalitat, o que a justiça espanhola está a fazer é "criminalizar ideias políticas, denunciando que se trata de "um erro histórico que vai ter consequências graves" e provocar "uma crise de Estado". Depois da intervenção policial no dia do referendo de outubro de 2017, Bosch alerta para a sucessão de "erros históricos e a única saída possível é falar; falar sobre o futuro".
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Sobre a reativação dos mandados de detenção europeus sobre dirigentes catalães, incluindo o antigo presidente da Generalitat Carlos Puigdemont, o responsável pela diplomacia do Governo catalão responde da seguinte forma à questão que a TSF lhe coloca no sentido de percebermos se os dirigentes independentistas em funções no Governo regional esperam ou não que Puigdemont seja detido nos próximos dias: "Não sei, é uma questão judicial", fazendo questão de lembrar que o antigo presidente da Generalitat e os outros que Espanha consideram serem "foragidos à justiça" viveram "como cidadãos livres na Bélgica, no Reino Unido, Alemanha, Finlândia, Dinamarca, Suíça".
"Apenas em Espanha são perseguidos como políticos. Há então um problema com os tribunais espanhóis, que são diferentes de todos os outros na Europa. Vamos ver o que acontece a partir de agora."
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Recusa abordar o impacto que a decisão do Supremo possa ter nas eleições que se realizarão a 10 de novembro: "Não é agora a nossa preocupação, temos uma crise de Estado que Pedro Sánchez e os poderes do Estado no reino de Espanha não são capazes de resolver e estão a agravar a cada dia" que passa, ainda para mais com as sentenças que Bosch considera "injustas e impróprias".
Sobre a possibilidade de Madrid voltar a aplicar o artigo 155 da Constituição que retira os poderes autonómicos a uma região, no caso a Catalunha, quando verifica estar em causa a segurança nacional, Alfred Bosch declara que o que tem acontecido é mais "punição, força e vingança", em vez de falar e dialogar "para uma saída política para um problema que é político".