Os imperadores romanos usavam a adega para apreciar o espetáculo da produção de vinho.
Corpo do artigo
Escavações conduzidas pelo Ministério da Cultura italiano nas ruínas da Villa dos Quintilii, em Itália, revelaram uma luxuosa adega, que inclui no seu espaço salas de jantar com vista para fontes que jorravam vinho.
Considerada uma cidade miniatura, com um total de 24 hectares, a Villa dos Quintilii possui uma vasta história que remonta ao século II.
Às suas já conhecidas sumptuosas divisões - que contam com um teatro, uma arena para corridas de bigas (um antigo carro romano puxado por dois cavalos) e um complexo de banhos com paredes e pisos revestidos de mármore - acrescentou-se agora a descoberta de uma elaborada adega romana.
PUBLISHED today in @AntiquityJ
- Dr Emlyn Dodd (@emlynkd) April 17, 2023
A recently discovered LUXURY #Roman imperial winery!
One of the most spectacular sites on which I"ve worked.
Highlight thread ft. decorative wine fountains & marble dining rooms /1
FULL ARTICLE OPEN ACCESS https://t.co/hdee2tMBLW pic.twitter.com/sIqc2Jpq7t
As escavações, que acabaram por revelar este novo espaço tinham como objetivo encontrar um dos pontos de partida para a arena de corridas da antiga vila, construída pelo imperador Commodus, que esteve no poder entre 177 e 192. A adega descoberta foi construída por cima de um dos portões de partida.
Com várias salas de jantar com vista para fontes que jorravam vinho, a estrutura inclui, ainda, áreas revestidas de mármore, onde os trabalhadores escravizados pisavam as frutas recém-colhidas.
Segundo o jornal The Guardian, a adega foi construída no que antes era uma paisagem de pomares e terras agrícolas, rodeada por outras vilas pertencentes a famílias ricas.
"[A Villa dos Quintilii] era uma incrível cidade miniatura completada por uma vinícola de luxo para que o próprio imperador pudesse satisfazer as suas tendências báquicas", disse o arqueólogo Emlyn Dodd, diretor-assistente da Escola Britânica em Roma e especialista em produção de vinho antigo.
Dodd apontou, ainda, para as áreas de viticultura retangulares recentemente escavadas naquela vila.
"Normalmente, estas áreas de pisar [uvas] seriam cobertas com um betão impermeável", destacou. "Mas estas estavam cobertas de mármore vermelho. O que não é o ideal, uma vez que o mármore fica incrivelmente escorregadio quando molhado. Mas mostra que quem construiu isto estava a dar prioridade à natureza extravagante da adega em detrimento de considerações práticas", explicou.
Depois de pisadas, as uvas esmagadas seguiam para dois lagares mecânicos, com dois metros de diâmetro. O mosto de uva resultante era depois colocado em três fontes, que brotavam de nichos semicirculares na parede de um pátio.
O mosto de uva, depois de ter saído em cascata das fontes, fluía ao longo de canais abertos para um dolium de cerâmica, ou jarros de armazenamento, posteriormente colocados no solo - uma técnica de vinificação comum na Roma antiga que criava um microambiente estável para o processo de fermentação.
As salas de jantar, com entradas largas e abertas, ficavam ao redor desta adega, uma disposição que Dodd acredita ter sido implementada para que o imperador pudesse apreciar o espetáculo da produção de vinho.
Das várias salas de jantar, apenas uma foi escavada, pelo que o arqueólogo expressou o desejo de encontrar fundos para descobrir as restantes.
A instalação aparenta ter sido construída tendo em conta tanto a questão prática da produção de vinho como o seu espetáculo.
As descobertas dos arqueólogos do Ministério da Cultura italiano foram publicadas num artigo da revista académica Antiquity.