
Reuters
As escolas na Turquia vão deixar de ensinar a partir de 2018 a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin, matéria que, segundo afirmou hoje o governo turco, é discutível e controversa.
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A decisão do governo de Ancara foi hoje anunciada por um representante do Ministério da Educação turco, Alpaslan Durmus.
"Acreditamos que esses assuntos estão além da compreensão [dos alunos]", disse Alpaslan Durmus, que preside o conselho de educação, num vídeo publicado no 'site' do ministério turco.
"Existem questões controversas sobre as quais os alunos não dominam o contexto científico para as entender", acrescentou o responsável.
Esta decisão do governo de Ancara representa que a teoria da evolução das espécies do reconhecido naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) deixa de constar no currículo escolar obrigatório das escolas turcas, segundo indicou o diário turco Hurriyet.
Alpaslan Durmus acrescentou que esta decisão tem o apoio do Presidente turco, o islâmico-conservador Recep Tayyip Erdogan.
Esta decisão vem ao encontro de uma proposta de lei apresentada em fevereiro passado pelo vice-primeiro-ministro turco, Numan Kurtulmus. Na altura, o representante qualificou a teoria de Charles Darwin como "cientificamente ultrapassada e pervertida".
"Nenhuma regra diz que se deve ensinar esta teoria", declarou então Numan Kurtulmus, professor de Economia na Universidade de Istambul e membro do partido islâmico de Erdogan, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), que governa a Turquia desde 2002.
Esta proposta provocou na altura os protestos da oposição laica turca, que pediu à liderança do AKP para "perder o medo do macaco".
Académicos das melhores universidades da Turquia também criticaram a iniciativa recordando que a Arábia Saudita, país conhecido pela sua interpretação ultraconservadora do Islão, era o único Estado no mundo que tinha excluído a teoria da evolução do currículo escolar.