Espanha descarta ciberataque como causa do apagão e localiza falhas de energia em Granada, Sevilha e Badajoz
Ainda se desconhecem as causas do apagão, mas a ministra espanhola da Transição Ecológica garante que não foi um problema “de cobertura”, nem “de reserva”, nem “de redes"
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O Governo espanhol descartou esta terça-feira que a causa do apagão ibérico de 28 de abril seja um ciberataque. A Rede Elétrica Espanhola sempre disse que não havia indícios de qualquer ataque informático, mas a comissão de investigação continuava a estudar essa possibilidade.
“Depois de analisar o nível um, que é o operador do sistema e todos os dados correspondentes, não se encontraram indícios de que o operador do sistema tenha sido alvo de um ciberataque. Acho que é muito boa notícia”, começou por dizer a ministra da Transição Ecológica, Sara Aegesen, no congresso dos Deputados, onde compareceu para dar conta dos avanços da investigação.
Antes, a ministra já tinha revelado a localização exata das oscilações energéticas registadas segundos antes do apagão: Granada, Badajoz e Sevilha. É a primeira vez que o Governo espanhol localiza de forma exata os incidentes que, até agora, se sabia que tinham ocorrido no “sudoeste do país”. “Continuamos a avançar e já identificámos onde foram essas perdas de geração de energia. Sabemos que começaram em Granada, Badajoz e Sevilha”, disse a ministra de Transição Ecológica.
Antes do incidente foram identificadas três oscilações energéticas: uma 19 segundos antes do apagão e outras duas num espaço de cinco segundos que levaram ao colapso do sistema. “Em cinco segundos desapareceram 15 gigawatts de forma súbita, o que equivale a 60% da energia nesse momento”, explicou Pedro Sánchez naquele dia. A causa dessas oscilações continua a ser desconhecida, mas o comité de investigação já descartou algumas possibilidades.
“Sabemos claramente que não foi problema de cobertura, não foi problema de reserva e não foi problema de tamanho das redes”, garantiu ainda a ministra. Aegesen voltou a defender-se das acusações da oposição de “desinformação” e garantiu que o Governo está “a trabalhar com rigor e não com especulação, porque é o que merecem os espanhóis: rigor e verdade”.
A ministra disse ainda que a comissão está investigar se as oscilações detetadas na Europa meia hora antes do apagão, e reveladas esta semana pelo relatório europeu do Entso-E, têm relação com o incidente. “É algo que ainda temos que determinar, é muito mais complexo do que culpar uma fonte de energia ou outra”, disse.
Durante a sua declaração, a ministra voltou a defender as energias renováveis. Aegesen garantiu que “um mix mais de renováveis reduz os riscos externos”.
“Não estamos a falar só de sustentabilidade, mas sim de autonomia energética, preços competitivos, novos investimentos e uma oportunidade real para a reindustrialização”, disse, sublinhando que, em 2024, 90% da nova geração de energia elétrica mundial foi renovável.
Estas são as primeiras novidades avançadas pelo Governo espanhol depois de mais de 15 dias de investigação, onde ainda não se descobriu a causa do apagão. O comité de investigação continua a reunir-se periodicamente para analisar os mais de 756 milhões de dados que terão de ser estudados para descobrir as causas do apagão.
Notícia atualizada às 12h19
