Espanha e Grã-Bretanha apoiam libertação dos pais que retiraram filho doente de hospital britânico
As autoridades britânicas ordenaram o levantamento do mandato de prisão dos pais, acusados de maus tratos e rapto do filho. Por seu turno, a justiça espanhola, que ontem prolongou a detenção do casal, quer agora que sejam libertados sob fiança.
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O caso remonta à semana passada quando o casal foi acusado de ter retirado o filho de um hospital de Southampton, sem autorização médica. Ashya King, de cinco anos, tem um tumor no cérebro.
A polícia britânica emitiu um mandado de detenção europeu depois de os médicos do hospital londrino terem dito que a vida da criança está em grave perigo se não receber tratamento.
O menino foi encontrado no sábado, pelas 20:30 locais, num hotel de Benajarafe, em Málaga (Espanha), depois de o rececionista do estabelecimento ter alertado a polícia. Os pais foram detidos pela polícia espanhola.
De acordo com a agência Reuters, o procurador espanhol encarregue do caso quer agora privilegiar o conforto da criança permitindo que os pais, actualmente detidos em Madrid, estejam ao lado do filho no hospital de Málaga.
A agência Reuters, que cita uma fonte junto do processo, adianta que o procurador geral espanhol recebeu relatórios médicos dos dois hospitais e que não encontra indícios de que os pais tenham agido de forma negligente. Como tal, não há motivo para os manter afastados da criança.
No seguimento do pedido do procurador geral, o juiz espanhol, que ainda ontem prolongou a detenção dos pais da criança por mais 72 horas, agendou uma audiência para quarta-feira, altura em que deverá decidir se dá ou não seguimento ao pedido do ministério público espanhol. Fontes junto do processo apontam que a decisão deverá ser favorável aos pais.
Também hoje, a justiça britânica ordenou o levantamento do mandato de prisão emitido contra os páis. Em comunicado, o ministério público adianta que nenhuma outra ação será desencadeada contra os pais de Ashya King e que vai agora informar as autoridades espanholas para que a criança possa reencontrar os pais o mais depressa possível.
O caso já mereceu um comentário do primeiro-ministro britânico, que apoiou a decisão da justiça britânica. David Cameron, que em 2009 perdeu o filho devido a doença prolongada, manifestou o desejo de que impere o bom senso para que a família possa reunir-se rapidamente com a criança e que o melhor tratamento seja administrado ao jovem Ashya.
Os pais de Ashya King justificaram a decisão de ter retirado o filho do hospital dizendo que queriam que o filho recebesse um tratamento diferente do que estava a receber no hospital britânico. Esta justificação levantou algumas questões sobre a atuação da polícia britânica, em particular se não teria exagerado ao lançar uma "caça ao homem" a nível europeu.