Depois do acordo com o Partido Nacionalista Basco e o Esquerda Republicana, Pedro Sánchez pode ser investido no dia 5 de janeiro.
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Duas eleições e duas investiduras falhadas depois, Espanha entrará no novo ano ainda sem Executivo à vista. Uma situação que começa a ser normal no país, que vive há dez meses com um Governo em funções. Para este 2020, os espanhóis pedem a formação de um Governo que afaste de vez o fantasma de umas novas eleições e uma legislatura normal que consiga chegar aos quatro anos. Mas não vai ser fácil.
Com um acordo de coligação fechado com o Podemos, Pedro Sánchez procura agora o apoio dos catalães do Esquerda Republicana (ERC). A sentença do Tribunal de Justiça Europeu, que reconheceu a imunidade de Junqueras ao ser eleito como eurodeputado, veio complicar a equação e as negociações encalharam. Os catalães pedem ao Supremo Tribunal que anule agora a sentença que condenou Junqueras a 13 anos de prisão e que os Advogados do Estado se pronunciem a favor desta petição.
A posição da Advocacia do Estado foi revelada esta segunda-feira, e a decisão foi salomónica: por um lado contempla a saída do catalão da prisão para tomar posse como deputado europeu; por outro, chama a atenção de que a sua saída da prisão tem de ser feita "baixo supervisão", e pede ao Supremo que solicite ao Parlamento Europeu a supressão da imunidade do ex vice-presidente catalão, para que possa cumprir a pena de 13 anos de prisão a que foi condenado.
A oposição acusa Sánchez de se vergar à chantagem dos independentistas. Pablo Casado, do Partido Popular, diz que Pedro Sánchez "está a governar contra Espanha" e a pressionar. E os socialistas defendem-se dizendo que não vão interferir na decisões da justiça."Respeitamos as decisões dos tribunais nacionais e obviamente as dos supranacionais", disse a porta-voz do Governo, Isabel Celaá.
Nos últimos dias do ano, as negociações entre os vários partidos intensificaram-se. Esta segunda-feira, PSOE y Partido Nacionalista Basco (PNV) chegaram a acordo e os bascos vão votar a favor da investidura de Sánchez. Depois da decisão da Advocacía do Estado, tudo parece apontar para que a formação catalã se vá abster na votação, possibilitando assim a formação de Governo.
Se tudo correr como previsto, Espanha poderá ter um Governo já no próximo dia 5 de janeiro, noite de Reis em Espanha, que este ano prometem deixar no sapatinho dos espanhóis o tão desejado Governo. Quanto à tão ansiada estabilidade política, é mais difícil de assegurar. A questão catalã, ainda longe de uma solução, vai continuar a marcar o passo à política espanhola, e o conflito territorial ameaça continuar a dividir uma sociedade cada vez mais polarizada.