36 milhões de pessoas decidem amanhã quem será o próximo presidente do governo.
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As sondagens em Espanha apontam uma vitória do PP, ainda que sem maioria absoluta. Os resultados são uma incógnita, mas já se fala do fim do bipartidarismo e do início de um novo ciclo no país.
A TSF falou com um professor de ciências económicas da Universidade Complutense, José Ignacio Población, para tentar perceber qual a situação económica que o novo governo vai enfrentar. O catedrático não tem dúvidas que a situação herdada será "muito má" e aponta quatro motivos: a dívida pública, a excessiva dependência dos mercados e a falta de trabalho, principalmente para os mais jovens. "Não existe emprego estável e isso tem duas consequências: a primeira é que têm que viver dependentes dos pais, a segunda é que, a longo prazo, os jovens desempregados não descontam para a segurança social e quando chegarem à idade da reforma só vão ter direito a um valor mínimo".
O quarto motivo é o desequilíbrio dos orçamentos. "Neste país há 17 orçamentos. Um orçamento do governo central e 16 das comunidades autónomas que repetem os mesmos erros dos orçamentos do governo central. Estão em défice, mas esse défice não é consequência do investimento mas sim do que se gasta".
José Ignacio Población não poupa nas críticas aos partidos espanhóis que confundem política com economia. "Dos quatro partidos que lideram, o que tem a política económica mais acertada, que vai mais de acordo com a ciência económica é a que apresenta o Podemos. Só no que se refere à politica económica, no resto não. O resto é completamente utópico, tal como o comunismo que é sempre utópico".
Quanto aos outros partidos, o catedrático também tem uma opinião. "O PP é um partido de ricos. Todas as medidas que tomarem vão sempre beneficiar os ricos. Então vai crescer a distância que existe entre os ricos e os pobres, que é o que está a acontecer agora. O Ciudadanos é um partido que não se sabe muito bem por onde quer ir. Fala de um projeto comum mas não diz que projeto é esse. E o partido socialista que se diz de esquerda, não o é", sentenciou José Ignacio Población.
Para este professor da universidade Complutense de Madrid é preciso uma mudança nas políticas económicas, sob pena de um endividamento insustentável das gerações mais novas.