Espanha proíbe circulação de barcos e aviões com combustível e material de defesa para Israel
As decisões fazem parte de um novo pacote de medidas do governo espanhol contra Israel. O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita acusa Sánchez de “comportamento antissemita”
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Espanha vai proibir de forma permanente a compra e venda de armas a Israel através da aprovação urgente de um Real Decreto Lei. O anúncio foi feito esta manhã de segunda-feira, numa declaração no Palácio da Moncloa onde o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, apresentou nove medidas para pressionar Israel a parar o "genocídio" em Gaza.
Dentro deste pacote de medidas está ainda “a proibição da circulação nos portos espanhóis de barcos que transportem combustíveis destinados às forças armadas israelitas; a proibição da entrada no espaço aéreo espanhol a todas as aeronaves de Estado que transportem material de defesa para Israel” e “a proibição da entrada em território espanhol a todas as pessoas que participem de forma direta no genocídio”.
Pedro Sánchez anunciou também o fim da importação de produtos provenientes dos territórios ocupados em Gaza e Cisjordânia, o reforço dos acordos de cooperação com a Autoridade Palestiniana e o aumento de dez milhões de euros na contribuição humanitária para a agência de refugiados.
Num discurso, muito duro, o primeiro-ministro espanhol frisou por várias vezes que as ações de Israel correspondem a um genocídio. “Há 63 mil mortos, 159 mil feridos, 250 mil pessoas em risco de desnutrição agudo. Isto não é defender-se, nem sequer é atacar, é exterminar um povo que está indefeso. É quebrar todas as leis do direito internacional”, sublinhou. “Trata-se de um ataque que a relatora especial da ONU e maioria de peritos classificam como genocídio.”
O Governo israelita já reagiu e, numa mensagem na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita acusa Sánchez de “estar obcecado com Israel”, de ter um “comportamento antissemita” e de ter esquecido “os crimes espanhóis contra o povo judeu”, nomeadamente “a perseguição da Inquisição, as conversões forçadas e a expulsão dos judeus do território espanhol”.
O anúncio de Pedro Sánchez vem no seguimento de várias ações de Espanha contra o genocídio de Gaza. Desde o início da guerra que Espanha é o país europeu que mais se tem posicionado contra o conflito e defendido publicamente a solução dos dois Estados. Depois de ter reconhecido o Estado da Palestina em maio de 2024, Madrid foi a sede de uma reunião entre líderes europeus e do Oriente Médio, em setembro do mesmo ano, para impulsionar o fim do conflito.
Espanha também se juntou à denúncia contra Israel, apresentada pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça, pelo genocídio em Gaza, e apresentou também uma proposta de resolução na ONU para “acabar com a matança de civis” no território.
