O governo espanhol vai negociar com os Estados Unidos a conversão da base militar de Morón de la Frontera (Sevilha) na sede permanente de uma força de 'marines' do comando de África do Pentágono, especializado na luta anti-jihadista.
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A decisão de iniciar negociações com os Estados Unidos foi tomada hoje no conselho de ministros de Espanha e anunciada pela vice-presidente e porta-voz do executivo de Mariano Rajoy, Soraya Sáenz de Santamaría.
A ideia seria converter a base de Morón na base permanente de uma força de 850 'marines' (fuzileiros navais norte-americanos) e aumentar em vários milhares o número de militares em caso de crise. O Comando dos Estados Unidos para África (AFRICOM) tem como principal objetivo travar o crescimento do fenómeno jihadista no Magreb e no Sahel (uma faixa de países na África subsaariana).
A base aérea das Lajes chegou a ser considerada como hipótese para instalação de uma unidade avançada do AFRICOM, mas essa possibilidade foi afastada por responsáveis norte-americanos em setembro.
«O Conselho de Ministros aprovou o início de negociações com os Estados Unidos relativamente a uma terceira emenda ao convénio de cooperação [quanto ao uso da base]. Se chegarmos a um acordo pretende-se dar resposta a um pedido norte-americano de dezembro para a utilização da base por um contingente de 'marines' e meios aéreos de apoio», declarou hoje Soraya Sáenz de Santamaría em conferência de imprensa após a reunião do Executivo.
Soraya Sáenz de Santamaría referia-se a uma carta enviada a 04 de dezembro pelo secretário de Estado da Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hugel, ao ministro da defesa espanhol, Pedro Morenés.
O convénio bilateral quanto ao uso da base data de 1988 e já teve duas emendas. Em 2002 o governo espanhol legalizou a atuação em território espanhol dos serviços de inteligência e informação (serviços secretos) da Armada e da Força Aérea norte-americanas. Dez anos depois, em 2012, o acordo foi revisto novamente para permitir a presença de quatro «destroyers» norte-americanos na base de Rota (Cadiz), integrados no escudo antimísseis na NATO.
Na base de Morón está estacionada, ainda de forma temporária, uma força especial dentro dos próprios «marines»: a «Special Purpose Marine Air-Ground Task Force for Crisis Response» (Força Especial Terra-Ar para resposta a situações de crise), criada no seguimento do ataque ao consulado dos Estados Unidos em Bengasi, Líbia, em setembro de 2012.
Além dos 850 marines (1.100 em casos de crise), a força é apoiada por 12 aviões de descolagem vertical MV-22 Osprey.
A questão política em Espanha é que o governo espanhol não poderá dar, sozinho, esta autorização de uso permanente da base. Como prevê uma terceira emenda (ambas as anteriores foram assinadas por governos PP) ao convénio bilateral, o executivo de Mariano Rajoy tem de obter a autorização do Parlamento.
A atual autorização termina a 19 de abril.