Espanha vira à direita: maioria absoluta para o PP em Madrid e vitória em Sevilha e Valência
Os resultados dão ao Partido Popular a vitória nas eleições municipais e regionais a seis meses das legislativas.
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O Partido Popular (PP) é o grande vencedor das eleições municipais e regionais em Espanha, com mais 700 mil votos do que o Partido Socialista (PSOE). O PP garantiu a maioria absoluta em Madrid, tanto na Câmara Municipal, como no Governo Autonómico, e conseguiu roubar ainda alguns territórios importantes da esquerda no resto do país.
Na capital espanhola, os conservadores arrasaram: Isabel Díaz Ayuso, como se esperava, mantém o governo da região com maioria absoluta e mais de 70 deputados. A Câmara Municipal madrilena também será governada pelo PP, com uma maioria absoluta inesperada de José Luis Martínez-Almeida, que não previa uma vitória tão expressiva.
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Além da capital, o PP consegue arrebatar também alguns governos chave à esquerda. Sevilha deixa de ser socialista e passa para as mãos do PP e Valência, até agora governada pelo partido de esquerda Compromis, também passa para os populares. Das 10 cidades com mais povoação de Espanha, o PP vai governar em sete: além de Madrid, Sevilha e Valência, chega ao poder em Zaragoza e Palma de Maiorca e mantém Múrcia e Málaga.
A nível das Comunidades Autónomas, o PP rouba ao PSOE a Extremadura, Aragão, Valência e Baleares, onde terá de chegar a acordo com o Vox para formar governo. O PP consegue ainda a maioria absoluta em La Rioja.
No final da jornada eleitoral, Alberto Nuñez Feijóo saiu à varanda da sede do partido em Madrid, para festejar a vitória com as centenas de militantes que ali se deslocaram. "É um orgulho poder dizer, sete anos depois, que o PP ganhou as eleições municipais e autonómicas", começou por dizer o líder do PP. "Recuperámos a melhor versão do nosso partido, onde cabe a imensa maioria dos cidadãos espanhóis. Espanha começou um novo ciclo político, é a vitória de outra forma de fazer política e Espanha deu-nos a sua confiança", explicou.
O PSOE também não conseguiu assegurar a Câmara Municipal de Barcelona, onde as projeções davam a vitória a Jaume Collboni. Contra todos os prognósticos a vitória foi para Xavier Trias, do partido independentista Junts per Catalunya.
No final da noite, Pilar Alegria, porta-voz do partido, reconhecia a derrota: "Não é, em absoluto, o resultado que esperávamos. Entendemos a mensagem e pomo-nos a trabalhar desde já, com mais intensidade."
Consolidação do Vox e ascensão do Bildu
Esta viragem à direita do país assenta também na consolidação do partido de extrema-direita, Vox, que entra em quase todos os parlamentos, até em regiões tradicionalmente de esquerda, como a Catalunha. O partido de extrema-direita pode mesmo ser decisivo na formação de alguns governos por parte do PP.
Santiago Abascal, líder do partido de extrema-direita, deixou claro ao PP que, se quer governar, terá de contar com os seus votos. "Hoje consolida-se o papel de Vox como partido absolutamente necessário para a construção de uma alternativa ao socialismo, ao comunismo aos seus sócios separatistas e terroristas", disse.
Outro dado importante é o resultado do Bildu no País Basco, que consegue os seus melhores resultados de sempre. A força independentista basca - que integra uma fação ligada ao antigo grupo terrorista ETA - foi a mais votada na cidade de Vitória. Protagonista de uma das polémicas da campanha, ao integrarem sete ex-terroristas nas listas eleitorais, obrigados a renunciar ao mandato perante a pressão social, o Bildu é um dos grandes vencedores da jornada, ultrapassando o Partido Nacionalista Basco, tradicionalmente o mais votado na região.
"Apesar do ruído que tentaram fazer, fizemos uma campanha exemplar. E, hoje, a primeira força política do conjunto do País Basco é a esquerda independentista, a primeira força municipalista é a esquerda independentista, e a esquerda independentista conseguiu os melhores resultados da sua história, hoje", celebrou o líder do partido, Arnaldo Otegi.
Os grandes perdedores da jornada foram o Podemos e o Ciudadanos. O Podemos desce a sua presença em todo o país e fica fora da Câmara Municipal e da Comunidade de Madrid. No caso dos liberais, os resultados marcam o seu desaparecimento definitivo.
Um olho nas legislativas
Estes são resultados importantes para o Partido Popular que, depois de sete anos consecutivos de derrotas nas sucessivas eleições, ganha novo fôlego para as legislativas, no final do ano.
Ao longo da campanha eleitoral. Alberto Nuñez Feijóo, líder dos populares, fez destas votações um referendo a Pedro Sánchez e, na hora da vitória, voltou a frisar o castigo ao governo. "Demos o primeiro passo para um novo ciclo político. Espero que todas as forças políticas, também a que ficou em segundo lugar [o PSOE] tenham entendido a mensagem dos espanhóis", advertiu. "Sei que o meu momento vai chegar se os espanhóis assim o quiserem."
Notícia atualizada no dia 29 de maio às 06h05