Rafael Catalá, ministro espanhol, revela que comboio fez uma "grande revisão em maio" e ontem tinha feito uma revisão de rotina. Governo português diz que o inquérito cabe às autoridades espanholas.
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O ministro do Fomento de Espanha, Rafael Catalá, revelou que o comboio da CP que descarrilou na Galiza, matando quatro pessoas, fez uma "grande revisão em maio" e uma revisão de rotina na quinta-feira, no Porto.
O titular espanhol da pasta das infraestruturas e transportes falava aos jornalistas em O Porriño, a localidade galega onde aconteceu o desastre ferroviário.
Rafael Catalá adiantou ainda que a linha em causa - no trajeto Vigo-Porto - estava em obras perto da estação de O Porriño, pelo que o comboio teve de ser desviado para "uma linha secundária que obrigava a uma redução de velocidade" da composição.
Foi nesta linha secundária que o comboio - com três carruagens - acabou por descarrilar.
O ministro espanhol também salientou que o maquinista - um português que acabou por ser uma das vítimas mortais - tinha todas as certificações para operar o equipamento acidentado e que, "obviamente, estava informado sobre a intervenção que estava a ocorrer na linha".
Governo português afirma que inquérito ao acidente é da responsabilidade de Espanha
"O comboio é da Renfe", disse Pedro Marques, acrescentando que, tendo o acidente desta manhã ocorrido em Espanha, "a responsabilidade do inquérito [às causas do descarrilamento] é espanhola".
O Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, que falava aos jornalistas à margem de uma reunião na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), destacou que, neste momento, a prioridade "é o socorro às pessoas" e "há que permitir uma investigação".
Sublinhando que a ligação do comboio "Celta" é "um serviço operado pela CP em contexto de uma ligação Porto-Vigo, diária", sendo que o "material circulante é da Renfe", Pedro Marques adiantou que o Gabinete de Investigação de Segurança e de Acidentes Ferroviários (GISAF) está disponível para colaborar com as autoridades espanholas.
O presidente da CP, encontrando-se no local do acidente, "já está a apurar o que vai ser desenvolvido", sustentou.
Pedro Marques revelou ainda que, de acordo com as informações prestadas pelas autoridades espanholas, o comboio tinha "as revisões em dia".
O comboio, com 63 passageiros, era da CP portuguesa e fazia o trajeto Vigo-Porto partilhado com a Renfe espanhola na linha conhecida com o nome "Celta", inaugurada em julho de 2013.
O Tribunal Superior de justiça da Galiza informou que estão a ser recolhidos dos dados da caixa negra do comboio que descarrilou em O Porriño (Pontevedra). O tribunal de instrução número dois de O Porriño foi encarregado da investigação, e diversos responsáveis judiciais e peritos forenses já se deslocaram ao local do acidente.
Nacionalidade das vítimas
As quatro vítimas mortais são um português (o maquinista), um norte-americano e dois espanhóis (entre eles o revisor do comboio).