Pedro Sánchez lidera as intenções de voto nas eleições espanholas mas mais de 40% dos eleitores dizem-se indecisos.
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O primeiro-ministro espanhol e candidato do socialista (PSOE) às legislativas de domingo, Pedro Sánchez, alerta que "há um risco real em Espanha" de a direita se unir à extrema-direita, como aconteceu na Andaluzia.
"É evidente que existe uma ameaça real e eu não posso ocultar algo que me parece que é importante que os espanhóis tomem conhecimento", afirma o candidato socialista numa entrevista ao jornal El País.
Sánchez lidera as intenções de voto, mas ainda não é seguro que venha a ter os apoios necessários para continuar a chefiar o executivo espanhol.
Em dezembro, o Partido Popular (PP, direita) fez uma coligação governamental com o Cidadãos (direita liberal) que conta com o apoio parlamentar do Vox (extrema-direita) na Andaluzia, afastando o PSOE do executivo regional, que liderava há 38 anos.
Sobre o seu principal apoio político atual e provavelmente também depois das eleições de domingo, o Unidas Podemos (extrema-esquerda), Pedro Sánchez afirma que "só pode ter palavras de gratidão".
"Há uma lição destes dez meses, que a esquerda pode entender-se quando quer e fazer coisas boas para a maioria social deste país", afirma o candidato socialista.
Pedro Sánchez declara que a entrada no Governo do Podemos, o principal partido da coligação Unidas Podemos que até agora lhe dava apenas o seu apoio no parlamento, "não é nenhum problema" e assegura que nunca negou essa possibilidade.
Quanto aos partidos regionais independentistas catalães, que o apoiaram durante os meses em que governou, mas que acabaram por ser os responsáveis pela sua queda, Sánchez afirma que "não são de fiar" e que "sabem que a independência não é possível".
Uma das principais críticas da direita é que Sánchez possa voltar a aceitar o apoio dos nacionalistas e independentista para continuar a governar.
Por outro lado, o candidato socialista manifesta uma "enorme deceção" com o Cidadãos por ter "abraçado a extrema-direita e iniciado o seu declive como projeto político".
O Cidadãos, assim como o PP e o Vox, pretendem que o executivo central volte a intervir diretamente na Catalunha, uma região espanhola que continua a ser governada pelos partidos independentistas que em 2016 organizaram um referendo de autodeterminação.
Nas sondagens publicadas, o PSOE aparece como o partido que mais votos vai obter nas eleições de domingo, com cerca de 30%, seguido pelo PP, com cerca de 20%, aparecendo os restantes maiores partidos nacionais (Unidas Podemos, Cidadãos e Vox) num intervalo de entre 10% e 15%.
A fragmentação partidária e o grande número de eleitores (cerca de 40%) que afirmam estar ainda indecisas sobre a sua intenção de voto leva a que seja muito difícil de prever possíveis soluções de um Governo com apoio parlamentar estável em Espanha.