
Pau Barrena/AFP
A saída de 5.550 trabalhadores traduzir-se-á numa poupança média anual de 600 milhões de euros a partir de 2028, com a empresa a esperar que o corte de pessoal esteja concluído no primeiro trimestre de 2026
A espanhola Telefónica acordou com os sindicatos que representam os trabalhadores da empresa "processos de regulação de emprego" que levarão à saída de 5.500 pessoas do grupo, anunciou esta segunda-feira a operadora de telecomunicações.
O acordo com os sindicatos prevê "saídas voluntárias" que "deverão abranger cerca de 5.500 trabalhadores", disse a Telefónica, num comunicado enviado à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) de Espanha.
Este "processo de regulação emprego" (ou ERE, na sigla em espanhol) custará "cerca de 2,5 mil milhões de euros antes de impostos", prevê a empresa.
A saída de 5.550 trabalhadores traduzir-se-á numa poupança média anual de 600 milhões de euros a partir de 2028, com a empresa a esperar que o corte de pessoal esteja concluído no primeiro trimestre de 2026, segundo a mesma informação enviada à CNMV.
A Telefónica diz que os acordos para os ERE nas sete empresas do grupo permitirão à empresa fazer uma aposta na atração de "melhor talento" e investir no desenvolvimento de capacidades diferenciais, assim como consolidar formas de trabalho mais flexíveis e digitais.
O acordo com os sindicatos prevê, por outro lado, o prolongamento dos acordos coletivos em vigor na empresa até 2030, como já haviam anunciado as centrais sindicais nos últimos dias.
Os sindicatos disseram que o número de saídas mínimas da Telefónica será de 4.525 pessoas, a maioria das quais (3.765) trabalham atualmente nas três maiores empresas do grupo de telecomunicações (Telefónica España, Telefónica Móviles e Telefónica Soluciones).
O acordo prevê que as saídas sejam voluntárias e inclui um regime de pré-reforma antecipada, realçaram os sindicatos, segundo os quais 10 a 15% das saídas serão compensadas com novas contratações.
O número estimado de saídas pelos sindicados corresponde a mais de um quarto do quadro de pessoal da Telefónica em Espanha.
A Telefónica anunciou em 17 de novembro a intenção de fazer um despedimento coletivo e iniciou as negociações com os sindicatos em 24 de novembro, com o acordo a ser alcançado menos de um mês depois.
OS ERE agora acordados foram justificados pela Telefónica com um novo plano estratégico para o período 2026-2030, com o lema "transformar e crescer", apresentado no início de novembro e que prevê uma redução de 25% dos custos operacionais em diversas estruturas da empresa, estimados em 2.010 milhões de euros até 2030.
O objetivo, segundo disse então a empresa, é "avançar para um grupo mais digital, flexível e preparado para os desafios futuros num contexto altamente competitivo e de profunda transformação".
O plano estratégico prevê um investimento de 32 mil milhões de euros até 2028, sobretudo, em redes de telecomunicações, assim como em automatização e inteligência artificial.
Por outro lado, o grupo vai apostar em quatro mercados estratégicos - Espanha, Brasil, Alemanha e Reino Unido - e deverá nos próximos anos culminar a saída de todos os outros países da América Latina, iniciada em 2019.
A Telefónica foi privatizada em 1997, mas o Estado espanhol detém ainda 10% da empresa.
Segundo os dados mais recentes, a empresa teve prejuízos de 1.080 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, justificados com perdas contabilísticas na venda das filiais na Argentina, Peru, Equador e Uruguai.
