Enquanto o preço dos bens de primeira necessidade dispara, há quem encontre no rasto de destruição novas formas de fazer negócio.
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Ao preço a que está o pão em Moçambique, um salário não chega para o 'mata-bicho'.
Com a escassez de bens alimentares, os preços estão a duplicar. O pão passou de cinco para dez meticais e o mesmo aconteceu com a água engarrafada, velas e geradores de eletricidade.
Pelo menos um armazém foi encerrado na Beira por estar a vender por 40 mil meticais geradores que antes do ciclone Idai atingir Moçambique custavam cerca de 10 mil meticais.
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Há também negócios de oportunidade: junto ao aeroporto, um dos poucos locais onde a rede móvel permite comunicar com o exterior, nasceram bancas improvisadas de venda de cartões de telemóveis.
À beira mar, adultos e crianças juntam montes de areia com intenção de a vender para a reconstrução de edifícios, e um pouco por todo o lado há quem reúna ramos e madeira que depois de secos podem ser usados como combustível. O carvão é raro.
Só com dinheiro vivo se consegue comparar o que quer que seja. Sem luz não há pagamentos através de multibanco nem levantamentos. E quando abre uma nova ATM o uso é tanto que a máquina rapidamente sobreaquece e avaria.
Com notas na mão, ainda é possível comer em restaurantes. Especialmente galinha, a maior 'vítima' do pós-ciclone. Já há em Moçambique mais receitas de frango do que de bacalhau em Portugal.