Esperança para Moçambique. É dia de "enterrar definitivamente o machado de guerra"
Governo e Renamo assinam esta quinta-feira acordo de cessação de hostilidades militares.
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Este acordo "representa, acima de tudo, esperança". Num dia histórico em Moçambique, William Mapote está no centro do acontecimento.
O jornalista do jornal moçambicano O País está em Chitengo, onde o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, vão assinar esta quinta-feira o acordo de cessação das hostilidades, para acabar formalmente os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
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Nesta cidade a 157 da Beira há uma pista de aviação, um hotel, várias unidades de alojamento e um parque de campismo mas pode não haver lugar para todos os que quiserem assistir à assinatura do acordo.
Há centenas de lugares sentados já preparados para a cerimónia, mas é possível que muitos tenham de assistir em cima de árvores, conta à TSF William Mapote.
O Governo moçambicano e a Renamo já assinaram em 1992 um Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil, mas que foi violado entre 2013 e 2014 por confrontos armados entre as duas partes, devido a diferendos relacionados com as eleições gerais.
Em 2014, as duas partes assinaram um outro acordo de cessação das hostilidades militares, que também voltou a ser violado até à declaração de tréguas por tempo indeterminado em 2016, mas sem um acordo formal.
"Os vários acordos foram assinados e não produziram aquilo que era a expectativa de todos: a paz efetiva", lamenta William Mapote. "Todos esperamos que, desta vez, os acordos que vierem a assinados venham enterrar definitivamente o machado de guerra, que todas as partes se comprometam a esquecer o passado e que o país abra uma nova etapa da sua vida."
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O entendimento entre os dois líderes acontece depois de se ter iniciado na segunda-feira desta semana o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos membros do braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e a entrega pelo partido dos oficiais que vão integrar a Polícia da República de Moçambique (PRM).
No âmbito do diálogo entre o Governo moçambicano e a Renamo para uma paz duradoura, o principal partido da oposição entregou igualmente nomes de oficiais seus que nomeados para postos de comando nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
O atual processo negocial resultou igualmente na aprovação de um pacote legislativo de descentralização, que prevê a eleição de governadores das 10 províncias moçambicanas nas eleições gerais de 15 de outubro.
Antes dessa previsão legal, os governadores provinciais eram nomeados pelo chefe de Estado.