"Espero que a bala esteja bem" e "zero compaixão": há pessoas a ser despedidas por alegados comentários sobre a morte de Charlie Kirk
Alegadas reações à morte e ao legado do militante conservador norte-americano estão a ser divulgadas num site, que pretende levar a cabo a "maior operação de despedimentos da história dos Estados Unidos"
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"Algum funcionário ou aluno seu está a apoiar a política de violência online?" É a pergunta que se pode ler quando se abre o portal Charlie's Murderes (em português, "assassinos de Charlie"), seguida de um convite: "Procure-os neste site."
É lá que estão reunidas várias mensagens partilhadas no mundo virtual, que mostram alívio, celebração ou sarcasmo pela morte do militante conservador norte-americano, que ocorreu na última quarta-feira, dia 10 de setembro.
No site, em que está escrito que esta é "a maior operação de despedimentos da história dos Estados Unidos", são divulgadas dezenas de mensagens partilhadas na internet, bem como informações sobre os autores das mesmas, tais como os nomes, as localizações, as fotografias e onde trabalham. Ao mesmo tempo, quem quiser pode fazer denúncias.
A página avança ainda que pretende transformar-se numa base de dados onde será possível pesquisar pelos autores das mensagens por área geográfica ou por setor profissional.
A CNN Internacional escreve que o portal já está a levar a cabo despedimentos. Uma funcionária de uma universidade do Tennessee foi despedida após escrever que tinha "zero compaixão" pela morte de Charlie Kirk. O mesmo aconteceu com uma professora na Carolina do Sul.
Há empresas que já estão a despedir funcionários com base nas publicações que fizeram nas redes sociais sobre a morte de Charlie Kirk. A editora de livros DC Comics cancelou uma nova série de banda desenhada depois da autora, Gretchen Felker-Martin, ter supostamente escrito nas redes sociais, em referência à morte do influencer: "Espero que a bala esteja bem."
Citada pela CNN Internacional, a diretora do Projeto Cibersegurança para a Democracia, Laura Edelson, considera que é "absolutamente justo chamar [a este site] uma campanha coordenada de assédio", tendo como alvos "indivíduos selecionados".
Já a professora de política da informação e ética da Universidade de Oregon, Whitney Phillips, assinala à CNN que esta tentativa de denunciar pessoas por estarem felizes pela morte de Kirk alimentam "um falso enquadramento de guerra cultural". Como resultado, estes críticos "podem ser vistos como um inimigo espiritual absoluto dos conservadores e, por extensão, dos próprios Estados Unidos da América".
Charlie Kirk foi morto com um tiro quando participava num debate na Universidade Utah Valley. O funeral está marcado para 21 de setembro no estádio State Farm, a sede da equipa de futebol americano Arizona Cardinals.
Charlie Kirk era considerado uma das figuras-chave da vitória de Trump nas eleições presidenciais de 2024. O homem, de 31 anos, defendia que valia a pena sacrificar a vida de algumas pessoas para que os norte-americanos pudessem manter o direito de possuir armas de fogo.
O detido e suspeito da morte de Charlie Kirk já foi detido e é Tyler Robinson, de 22 anos. Até ao momento, as autoridades não abordaram as acusações que Robinson vai enfrentar, mas pode ser acusado de homicídio qualificado, um crime passível de pena de morte.
