Estado da NATO e de Biden: “Todas as decisões tomadas esta semana não teriam sido possíveis sem a liderança dos EUA”, diz Stoltenberg
Cimeira de líderes em Washington assinala os 75 anos da Aliança, da qual Portugal é um dos 12 fundadores. Política em França preocupa, condição atual de Biden oficialmente não. Zelensky vai estar presente
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Os aliados da NATO vão estar reunidos numa cimeira em Washington e não dão sinais de preocupação com a liderança do Presidente dos EUA, Joe Biden, apesar do desempenho no debate com Trump, disse a Casa Branca através de John Kirby, porta-voz do conselho nacional de segurança, quando lhe é colocada a questão sobre a necessidade de dar garantias e transmitir tranquilidade aos aliados: "Penso que a pergunta pressupõe a noção de que eles precisam de ser tranquilizados quanto à liderança americana e ao empenhamento do Presidente Biden, e não creio que seja esse o caso. Não estamos a captar quaisquer sinais disso por parte dos nossos aliados, muito pelo contrário. As conversas que estamos a ter com eles antecipadamente, eles estão entusiasmados com esta cimeira, estão entusiasmados com as possibilidades e as coisas que vamos fazer juntos, especificamente para ajudar a Ucrânia."
Jens Stoltenberg, secretário-geral que está em fim de mandato, afirma: "Não vou participar num debate interno dos EUA, mas o que posso dizer é que tive há duas semanas uma reunião boa e produtiva com o Presidente Biden na Sala Oval, e que esta semana vamos tomar decisões importantes na Cimeira da NATO em Washington sobre dissuasão, defesa, Ucrânia, e também com os parceiros da Ásia-Pacífico para enfrentar as ameaças e os desafios colocados pela China. Todas as decisões que serão tomadas esta semana não teriam sido possíveis sem a liderança dos EUA. Por isso, aguardo com expetativa a realização de uma importante cimeira em Washington esta semana."
Preocupados ou não com a condição do anfitrião americano, vão ser recebidos para jantar quarta-feira por Joe Biden. Luís Montenegro vai lá estar, janta com Biden na Casa Branca na quarta-feira. A delegação portuguesa na cimeira que assinala os 75 anos da Aliança Atlântica integra também o ministro dos Negócios Estrangeiros e o da Defesa.
Dois por cento do PIB em defesa é meta e compromisso que vários estados-membros, Portugal incluído, não estão em condições ainda de apresentar. Luís Montenegro prometeu um plano credível e exequível para lá chegar daqui a cinco anos.
Como dizia Sebastién Lecornu, ministro francês da Defesa, "a verdadeira questão agora não é tanto conseguir esses 2%, embora seja um assunto que parece entusiasmar muitas pessoas, é obviamente garantir que esses 2% do PIB sejam realmente úteis no terreno militar". Com uma guerra no leste do continente europeu, a França – um dos membros mais poderosos da NATO – também é fonte de preocupação. O impasse político pode ter implicações de longo prazo, nomeadamente para a guerra na Ucrânia, para a diplomacia global e para a estabilidade económica da Europa. Macron vai marcar presença em Washington.
"A incerteza que continuará a rodear a organização do poder em Paris enfraquecerá inevitavelmente o papel que a França pode desempenhar na cimeira", defendeu a jornalista Sylvie Kauffmann num artigo no Le Monde.
Para Kauffmann, "nos últimos sete anos, os parceiros internacionais habituaram-se à voz francesa de um Presidente disposto a inovar, mas também ambicioso, empenhado e pró-ativo, apoiado por um governo que pode controlar e por um aparelho diplomático e militar competente e leal".
O acordo de segurança no valor de três mil milhões de euros não está devidamente orçamentado. Até 2025, França quer criar uma "força de reação rápida europeia" com cerca de 5000 soldados, para intervir em situações de crise quando a NATO não pode, numa iniciativa centrada na defesa, com a produção e compra de equipamento militar numa cooperação europeia lançada por Macron num discurso em abril.
Stoltenberg deixou claro que a Rússia não pode esperar que a Aliança abandone os ucranianos e "terá de se sentar e aceitar uma solução em que a Ucrânia prevaleça como nação soberana e independente".
Durante a cimeira, os aliados devem aprovar um pacote de ajuda que inclui um papel de liderança para a NATO na gestão das contribuições internacionais de armas para o país invadido e um fundo de cerca de 40 mil milhões de euros para pagar o equipamento militar de que a Ucrânia necessita para se defender da Rússia.
Volodymyr Zelensky visitou a Polónia, antes de ir para a cimeira da NATO, mas ainda não é desta que o país vai ser formalmente convidado para fazer parte da maior aliança militar do mundo.