Estado da União. "Concretizámos mais de 90% do programa político"
Von der Leyen defende "futuro Made in Europe" para a "indústria de tecnologias limpas".
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A entrar no último ano de mandato, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirma que já conseguiu "concretizar" quase todo o programa a que se comprometeu há quatro anos. A presidente Von der Leyen apresentou, esta quarta-feira, o seu último discurso no atual mandato sobre o Estado da União.
Na reta final até às eleições europeias, Von der Leyen acenou aos jovens europeus, principalmente aqueles "milhões que votam pela primeira" vez".
"Entre esses eleitores, serão milhões os que votam pela primeira vez, sendo os mais jovens nascidos em 2008", salientou Von der Leyen, nomeando as incertezas que estes eleitores enfrentam: "Pensarão na guerra que assola as nossas fronteiras, ou no impacto destrutivo das alterações climáticas, nas formas como a inteligência artificial irá influenciar as suas vidas, ou nas hipóteses que têm de arranjar uma casa ou um emprego no futuro."
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Balanço
Em jeito de balanço do mandato, Von der Leyen afirmou que ao longo dos últimos quatro anos "assistimos ao nascimento de uma união geopolítica", destacando os exemplos do "apoio da Ucrânia, contra a agressão da Rússia" e em resposta "a uma China assertiva e com investimentos em parcerias".
Em matéria de política ambiental, sublinhou a importância do Pacto Ecológico Europeu "como elemento central da economia", apontando para "uma ambição sem paralelo" para o relançamento do tecido industrial europeu. "Preparámos o caminho para a transição digital e tornámo-nos pioneiros em matéria de direitos digitais a nível mundial", nomeou a presidente da Comissão.
Por outro lado, no âmbito da resposta à crise resultante da pandemia, Von der Leyen destacou o "histórico instrumento Europeu" para a recuperação da economia, "que combina 800 mil milhões de euros de investimentos e reformas e cria empregos dignos para hoje e para amanhã".
No capítulo da resposta à pandemia, a presidente da Comissão afirma que ficou lançado o alicerce para a criação de uma União Europeia da saúde, destacou "o contributo" europeu para a vacinação "de todo o continente e de grandes partes do mundo". Por outro lado, sublinha que foi iniciado o caminho "rumo a uma maior independência em setores críticos, como a energia, os circuitos integrados ou as matérias-primas".
A propósito da igualdade de Género, Von der Leyen saudou "o trabalho revolucionário e pioneiro" realizado pela Comissão e o Parlamento, que permitiu "concluir dossiês que muitos consideravam estar para sempre bloqueados, como a Diretiva relativa às mulheres nos conselhos de administração e a adesão histórica da UE à Convenção de Istambul".
Com uma afirmação que arrancou um demorado aplauso dos eurodeputados, Von der Leyen afirmou que "com a diretiva relativa à transparência salarial, consagrámos na lei o princípio básico de salário igual por trabalho igual", pois "não há um único argumento que justifique o facto de uma mulher que exerça o mesmo tipo de trabalho receber uma remuneração inferior à auferida por um homem".
Reconhecendo que "o trabalho está longe de estar concluído", prometeu "consagrar na legislação outro princípio básico: Não é não!". "Não pode haver verdadeira igualdade enquanto houver violência", enfatizou.
No balanço que aprestou em Estrasburgo, Von der Leyen afirma que "graças a este Parlamento, aos Estados-Membros e à minha equipa de comissários, concretizámos mais de 90% das orientações políticas que apresentei em 2019".
Concorrência
Von der Leyen anunciou uma instigação contras as ajudas das Estado chinês à industria dos carros elétricos, "um setor crucial para a economia limpa, com um enorme potencial na Europa". Mas com os mercados mundiais "inundados de automóveis eléctricos chineses mais baratos, cujo preço é mantido artificialmente baixo graças a enormes subsídios estatais", o resultado é "a distorção do mercado".
"Tal como não aceitamos esta distorção a partir do interior do nosso mercado, também não a aceitamos a partir do exterior. Por isso, (...) a Comissão vai lançar uma investigação antissubvenções sobre os veículos elétricos provenientes da China", anunciou.
A projetar o último ano de mandato, Ursula von der Leyen defende que a transição climática seja uma rapa para relação a indústria europeia, "desde a energia eólica ao aço, das baterias aos veículos elétricos".
"A nossa ambição é muito clara: o futuro da nossa indústria de tecnologias limpas tem de ser feito na Europa", sublinhou, salientando que é "esta a missão" da Comissão que lidera.
Energia e inflação
No atual contexto, reconhecendo que a correção da inflação ainda "vai levar algum tempo", apesar dos "esforços" da presidente do BCE, Christine Lagarde, Ursula destaca "a boa notícia", de a Europa ter "começado a baixar os preços da energia", mas "não nos esquecemos da utilização do gás como arma de guerra por parte de Putin e de como isso desencadeou receios de apagão e crise energética como nos anos 70".
Inteligência artificial
No capítulo da Inteligência Artificial, Von der Leyen defendeu que as empresas devem atuar com responsabilidade, e "a Europa deverá liderar um novo quadro mundial", garantindo que o desenvolvimento tecnológico é "centrado no ser humano".
Ucrânia
A guerra na Ucrânia foi um dos temas sempre presente ao longo do discurso. Von der Leyen quis deixar claro, reafirmando que a União Europeia "estará sempre do lado da Ucrânia, pelo tempo que for preciso".
Respondendo ao que considera ser "um apelo da história", Von der Leyen anunciou que "a Comissão irá propor o alargamento do regime de proteção temporária aos ucranianos na UE".
"Desde o início da guerra, quatro milhões de ucranianos encontraram refúgio na nossa União. E quero dizer-lhes que são tão bem-vindos hoje como naquelas fatídicas primeiras semanas. Garantimos-lhes acesso à habitação, a cuidados de saúde, ao mercado de trabalho e muito mais", afirmou.
