O apelo para a paz mundial em tempos de pandemia foi lançado por António Guterres.
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Os Estados Unidos bloquearam esta sexta-feira no Conselho de Segurança da ONU um procedimento que levaria à votação de uma resolução para o fim geral das hostilidades, para melhor combater a pandemia de Covid-19, revelaram fontes diplomáticas.
O apelo tinha sido inicialmente lançado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que pediu o fim de todos os conflitos militares no mundo, para que o combate global à pandemia fosse mais eficaz.
Segundo fontes diplomáticas não identificadas citadas pela agência AFP, Washington travou agora o processo, usando o seu poder de veto no Conselho de Segurança, alegando que "não pode apoiar o atual projeto de resolução", segundo fontes diplomáticas norte-americanas.
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Na quinta-feira, os EUA tinham aceitado uma menção de compromisso com a Organização Mundial de Saúde (OMS), permitindo o atenuar de uma acalorada disputa com a China, sobre o papel desta agência das Nações Unidas, no combate à propagação do novo coronavírus.
Segundo alguns diplomatas, o problema estará inclusão da OMS na proposta, para outros, contudo, os Estados Unidos querem regressar a uma proposta de texto inicial que fora abandonada pela necessidade de mais transparência na cooperação entre os países.
Depois de ter sido negociado em março, a versão mais recente da resolução pede "coordenação reforçada" entre os membros das Nações Unidas e enfatizava "a necessidade urgente de apoiar todos os países ou entidades relevantes no sistema da ONU, incluindo agências de saúde".
EUA acusam OMS de falta de transparência
Esta formulação, sem mencionar especificamente a OMS, era uma tentativa de chegar a um compromisso que envolvesse os EUA num acordo final, mas não terá sido suficiente para o bloqueio anunciado pelo Governo norte-americano.
Washington acusa a OMS de falta de transparência e de ter atrasado o alerta global sobre as consequências da pandemia, enquanto a China elogia o papel da agência das Nações Unidas, enfatizando a sua importância na luta contra a propagação do novo coronavírus.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou cerca de 269 mil mortos e infetou mais de 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,2 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, vários países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.