Estão os glaciares dos Himalaias a desaparecer? Estudo demonstra efeitos irreversíveis
Um relatório mostra que este já é um caminho sem retorno. Mesmo que todos os objetivos de defesa do planeta sejam cumpridos, a mais alta cadeia montanhosa do mundo vai perder um terço dos glaciares que existem hoje.
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Este é o cenário mais otimista de um estudo científico, que contou com o contributo de 350 investigadores e decisores políticos de 22 países. Durou 5 anos e analisou, essencialmente, a cordilheira de Hindu Kush e os rios alimentados pelo gelo que aí se encontra.
O aumento das temperaturas nos Himalaias não dá tréguas. Nas circunstâncias mais pessimistas, a região pode ver os termómetros aumentarem em média 4,4 graus Celsius até o final do século. O estudo mostra que, a continuar assim, dois terços do gelo que cobre os picos, entre eles o Evereste, vão deixar de existir. Desde 1970, cerca de 15 por cento do gelo desta área desapareceu por causa da subida das temperaturas.
Os glaciares da cordilheira de Hindu Kush abastecem de água cerca de um quarto da população mundial.
Para evitar mais danos seria necessário mudar a economia mundial a uma rapidez e escala que não tem qualquer "precedente documentado" na história. Philippus Wester, um dos autores do relatório, diz que esta é uma crise esquecida mas que pode ter impactos devastadores nas pessoas e numa região que é uma das áreas montanhosas mais frágeis e sujeitas a riscos no mundo.
O desaparecimento do gelo pode causar ruturas no fornecimento de alimentos e água e ainda o deslocamento forçado da população. O degelo contínuo pode ainda causar a subida do nível da águas que inundarão áreas atualmente habitadas.
Todo o sul da Ásia está já a ser afetado pelas mudanças climáticas que se acentuaram nos últimos anos. As ondas de calor estão a tornar-se insuportáveis, as pessoas estão mais doentes e os padrões de vida foram irremediavelmente afetados com o aumento da pobreza.
Outras das preocupações é o acesso à água potável. Um relatório do Governo de Nova Deli mostra que a Índia está a passar a pior crise de água da história. Cerca de metade da população, 600 milhões de pessoas, enfrentou extrema escassez de água, e 200 mil pessoas morrem anualmente por não terem acesso a água potável. Na primavera passada, as carências foram tão severas na cidade indiana de Shimla que alguns moradores pediram aos turistas que deixassem de visitá-los para que sobrasse água suficiente para a comunidade.