"Estava a falar para quem vota nele." Discurso de Macron "não mudou nada" para quem está na rua
"Ele diz que ouviu, mas não ouviu, porque não mudou nada", diz Luísa Semedo à TSF.
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A conselheira das Comunidades Portuguesas em França, Luísa Semedo, considera que o discurso de Emmanuel Macron não teve qualquer repercussão nos manifestantes que estão nas ruas francesas.
"O que me pareceu nas declarações é que ele estava a falar para as suas bases, para quem vota nele e está mais à direita e ele está a tentar fazer com que essas pessoas não se juntem às manifestações e às contestações, porque para quem já está na rua, não há nada de novo ou de importante que tenha sido ouvido ou pedido. Ele diz que ouviu, mas não ouviu, porque não mudou nada. O que ele estava a tentar demonstrar, penso eu, era aos seus eleitores que continua no diálogo e que ele está a tentar fazer tudo para que haja democracia, mas, na verdade, para quem está na rua acho que o discurso que ele teve não mudou nada, bem pelo contrário. Acho que há muita frustração em relação ao discurso", disse Luísa Semedo à TSF.
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A conselheira das Comunidades Portuguesas em França não acredita que a contestação acalme nas próximas semanas e isso só acontecerá que Macron convencer os sindicatos a dialogar.
"Poderá haver alguma calma se Marcon e a primeira-ministra conseguirem, de alguma forma, dialogar com os sindicatos e conseguir trazê-los para a mesa das negociações, o que é difícil porque eles não os quiseram ouvir durante tantas semanas, agora vai ser complicado. Sobretudo, porque os sindicatos já há muito que dizem que o que querem é que esta reforma não vá para a frente. Portanto, vai depender muito da força de persuasão de Macron com os sindicatos. Se conseguir de alguma forma convencer os sindicatos, talvez haja alguma acalmia. Se não conseguir, penso que não. Pelo menos nas próximas semanas penso que ainda haver manifestações", considera.
E esse diálogo pode acontecer? "Parece-me complicado, porque pelo menos os jornalistas políticos que tenho ouvido, quer estejam mais à esquerda ou mais à direita, são todos um pouco unânimes sobre o próprio caráter de Macron, que quase desde o início quis sempre mostrar a sua força, que é de alguma forma orgulhoso e que tem muitas dificuldades em ter um diálogo social. Ele diz que vai ter um diálogo, mas até agora raramente voltou atrás ou mudou a sua visão."
As manifestações prometem continuar, até porque o Presidente francês não mostrou sinais de recuo quanto ao aumento da idade da reforma dos 62 para os 64 anos.