"Esquadrão perdido" desapareceu em combate em 1942. Ainda há seis aviões por encontrar.
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Uma equipa de investigadores da Califórnia descobriu um avião norte-americano, desaparecido na Segunda Guerra Mundial, enterrado no gelo de um glaciar, na Gronelândia. Faz parte daquele que ficou conhecido como o "esquadrão perdido", depois dos oito aviões que o compunham terem desaparecido em combate.
Em julho de 1942 o mundo estava em plena Segunda Guerra Mundial. Um esquadrão de oito aviões de guerra americanos - seis aviões de combate P-38 Lightning e dois bombardeiros B-17 Flying Fortress - voavam sobre o território da Gronelândia, numa rota que ligava várias bases aéreas secretas em Newfoundland, conhecida como a "Rota Snowball".
Com eles voavam centenas de outros aviões que faziam parte da "Operação Bolero" que tinha como objetivo a entrega de aviões, pilotos, equipamento e mantimentos para serem utilizados na invasão dos Aliados à Europa ocupada pelos Nazis. A zona onde voavam era particularmente perigosa: o corredor Piteraq, batizado com a palavra inuíta para tempestades de neve que se formam em minutos, característica desta zona.
O avião P-38 foi localizado através de um drone de carga equipado com um radar capaz de penetrar no gelo denso da zona. A primeira pista de que algo estaria enterrado no local chegou em 2011 e pôde agora ser confirmado com o equipamento de uma empresa californiana, co-fundada pelo líder desta expedição, o californiano Jim Salazar. Depois do drone ter localizado a anomalia no gelo, era necessário confirmar que esta massa era realmente um avião da Segunda Guerra.
Para tirar as dúvidas, a equipa de Salazar recorreu a uma sonda térmica equipada com um jato de água quente a alta pressão que conseguiu penetrar no gelo até atingir a profundidade a que estava localizada esta anomalia que podia ser "uma pedra grande ou um mamute", explicou o líder da equipa à Popular Mechanics.
Quando a sonda voltou à superfície, os resultados foram esclarecedores... mas não sem causarem alguma surpresa. "Puxámos a sonda para cima e, para nosso espanto, o líquido que trouxe era muito denso, espalhou-se por todo o lado - casacos, chão e mãos, pelo que ficámos muito surpreendidos", algo que não durou muito tempo. O líquido denso e vermelho, que até podia ter sido confundido com sangue, foi identificado rapidamente pelo grupo de pilotos e entusiastas de aviação que acompanhavam a equipa: óleo hidráulico 5606, um lubrificante comummente usado na aviação, incluindo nos P-38.
O avião foi então identificado como o P-38 "Echo" pilotado por Robert Wilson, um dos militares dados como desaparecidos no "esquadrão perdido". Agora, o plano é retirá-lo do gelo, objetivo com o qual os governos da Gronelândia, do Reino Unido e dos Estados Unidos já se comprometeram. A operação deve ocorrer no próximo verão e vai seguir o mesmo plano de recuperação que permitiu resgatar a Glacier Girl, o primeiro P-38 deste esquadrão a ser resgatado, em 1992.
Na altura, a equipa usou placas térmicas para derreter o gelo e formar um túnel até ao avião, enviando depois trabalhadores com jatos de água quente para abrirem uma espécie de "sala" à volta da aeronave. Aberto esse espaço, o avião é desmontado e enviado peça-a-peça para a superfície.
Completado o resgate, os trabalhos devem continuar a cerca de 32 km do local, para tentar recuperar o Santo Graal desta equipa: um Coast Guard Grumman J2F Duck, um avião anfíbio dentro do qual os especialistas acreditam ainda estarem os corpos de três tripulantes, provavelmente em ótimo estado de conservação devido às baixas temperaturas do local.
Depois disso, quem sabe, talvez procurem os quatro P-38 e os dois B-17 deste esquadrão que ainda estão perdidos.