Cerca de 10 milhões de pessoas subsistem nos Estados Unidos com menos de dois dólares (1,5 euros) por dia e vivem à margem da economia monetária.
Corpo do artigo
Laurence Chandy, investigador da Brookings Institution, numa entrevista à Efe, explicou que, quando se consideram os rendimentos, cerca de dez milhões de cidadãos subsistem «praticamente sem dinheiro», graças aos programas sociais, como os vales refeição ou as refeições grátis dadas pelas escolas públicas e instituições de beneficência.
O investigador afirmou que «as pessoas que vivem excluídas da economia do dinheiro» estão mais vulneráveis aos imprevistos, como a doença ou a morte de um familiar.
Chandy, que acaba de publicar um estudo sobre o segmento da população mais pobre dos EUA, afirmou que «se conhece muito pouco a população que vive abaixo do limiar da pobreza», remetida para a sombra dos estudos académicos.
Porém, «a pobreza nos EUA é um problema latente», com cerca de 46 milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza, estabelecido em 16 dólares diários, e cerca de 20 milhões que subsistem com menos de oito dólares por dia.
A particularidade dos pobres nos EUA, acrescentou, é que «são capazes de sobreviver quase sem rendimentos, graça aos programas e serviços sociais», uma vez que, comparando com os europeus, «os EUA não se distinguem pela generosidade dos seus subsídios públicos».
Os países considerados desenvolvidos «tendem a dar por adquirido que a pobreza extrema não é um problema que os possa afetar», destacou.
Segundo o investigador, «o foco da atenção da política está centrado em medidas destinadas à classe média», o que contribui para a divulgação da perceção de que a pobreza é marginal e temporal.
O certo é que a mobilidade social nos EUA se tem mantido «muito baixa» nos últimos 50 anos, o que contrasta com o idealizado "sonho americano".