A Marinha norte-americana está envolvida num escândalo de corrupção, que envolve prostitutas e subornos para obter informação classificada sobre movimentos de frotas.
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Três oficiais foram acusados nas últimas semanas e outros dois estão sob investigação, num caso de corrupção que ameaça tornar-se um dos maiores da história da Marinha.
Os responsáveis admitem que a dimensão total do caso está ainda por revelar e que membros dos escalões superiores da Marinha podem ter participado num alegado esquema para proporcionar contratos de assistência a navios, no valor de vários milhões de dólares, a uma empresa baseada em Singapura.
«Acreditamos que outros oficiais da Marinha, e talvez alguns civis que trabalham para a Marinha, podem estar implicados neste escândalo. vamso ver até onde as investigações conduzem», afirmou o porta-voz da instituição, o almirante John Kirby, à agência AFP, declinando dar mais detalhes.
Alguns oficiais admitem que o caso possa rivalizar com o escândalo dos ataque sexuais que abalou a Marinha e o Corpo de Marines em 1991, designado Tailhook, e foque as atenções na fraude sistemática associada à vasta rede de subcontratação do Pentágono.
O caso centra-se em contratos para fornecer alimentação, água, combustível, limpeza e outros serviços prestados a navios norte-americanos em portos na Ásia.
Os procuradores acusam o presidente-executivo (CEO) da Glenn Defense Marine Asia, Francis Leonard, de conspirar para subornar oficiais e funcionários da Marinha com prostitutas, viagens luxuosas e outras ofertas para conseguir os contratos.
O empresário malaio, designado como "Gordo Leonardo" pelos funcionários, terá alegadamente persuadido os comandantes dos navios a usarem os serviços da sua empresa.
Está também a ser investigada a existência de informadores seus entre os serviços de investigação da Marinha, pagos para o informar sobre a existência de provas comprometedoras dos seus negócios.
Leonard defraudou a Marinha, ao faturar os serviços acima do justo valor ou inclusive de faturar serviços não prestados, por vezes com o conhecimento dos seus parceiros no ramo, alegam as autoridades.
Em troca, Francis teria alegadamente disponibilizado mulheres, finos quartos de hotel e até bilhetes para o concerto de Lady Gaga aos oficiais de passagem por Singapura ou Malásia, segundo as acusações.
Um comandante, José Luis Sanchez, detido na última semana, é acusado de ter alertado Francis para o facto de os investigadores estarem a questionar mais de cem mil dólares faturados pela sua empresa a propósito da passagem de um navio por um porto, de acordo com o Washington Post.
Sanchez e outros são também suspeitos de fornecerem informação classificada de movimentos de navios e das suas passagens pelos portos para ajudar este subcontratado.
Em outubro de 20111, Francis terá alegadamente solicitado ajuda a Sanchez para o ajudar a fechar um negócio para a sua firma vender combustível a um navio norte-americano de passagem por um porto tailandês.
A Marinha comprou o combustível à Glenn Defense Marine por um milhão de dólares, mais do dobro do seu preço de mercado, de acordo com as alegações.
O Serviço de Investigação Criminal da Marinha (NCIS, na sigla em inglês) há anos que suspeitava de Francis, mas nunca conseguiu provas. Mas foi atraído aos EUA e detido em setembro, em San Diego. Os procuradores chegaram inclusive a acusar um agente especial do NCIS no âmbito deste processo.
Este caso ocorre apesar de garantias dos líderes da Marinha de reprimirem os subornos e a corrupção na instituição depois de um escândalo, em 2011, que envolveu subornos de 10 milhões de dólares.
Na altura, um funcionário civil da Marinha foi acusado de aprovar a entrega de encomendas a um subcontratado, que em troca lhe dava dinheiro.