O presidente eleito dos Estados Unidos já admitiu organizar uma cimeira com o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, sobre o desarmamento por parte de Pyongyang.
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O vice-secretário de Estado norte-americano, Stephen Biegun, instou a Coreia do Norte a estabelecer contactos diplomáticos com a futura administração Biden, qualificando a diplomacia como "a melhor" e "única via" para solucionar o conflito na península.
"Encarando o futuro, continuo convencido de que a diplomacia continua a ser a melhor via, de facto é a única via, para solucionar os nossos desafios com a Coreia do Norte", disse Biegun durante uma conferência, esta quinta-feira, em Seul.
"Pyongyang realiza em breve acontecimentos decisivos, sobretudo o oitavo congresso do partido em janeiro. Pedimos encarecidamente à Coreia do Norte para usar o tempo que falta para retomar o caminho da diplomacia", afirmou.
O regime anunciou para finais de janeiro (ainda sem dia marcado) a realização do oitavo congresso do Partido dos Trabalhadores, que algumas fontes acreditam que vai ser convocado para o dia 20 do próximo mês, quando Joe Biden toma posse como 46.º presidente dos Estados Unidos.
Entretanto, o presidente eleito dos Estados Unidos já admitiu organizar uma cimeira com o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, - sob condições prévias - como o empenhamento no desarmamento por parte de Pyongyang.
Esta postura, de acordo com analistas, pode não contentar inicialmente o regime de Pyongyang, que pode vir a optar por novos ensaios de armas para forçar uma mudança de postura por parte de Washington evitando os impasses, tal como aconteceu na administração de Barack Obama.
Mesmo assim, Biegun mostrou-se otimista quanto ao desempenho da futura presidência norte-americana face à situação na península coreana.
"Entre as mensagens que vou dar à nova equipa vou dizer que a guerra terminou, que a era do conflito está concluída e que chegou o tempo da paz. Se queremos ter êxito temos de trabalhar juntos: Os Estados Unidos, a República da Coreia e a República Popular Democrática da Coreia (nomes oficiais do Sul e do Norte)", afirmou.
Nesse sentido, Biegun que realiza, provavelmente, a última visita à Coreia do Sul antes da tomada de posse de Joe Biden, manifestou o desejo de contactos entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos ao nível de conversações que sejam capazes de alcançar um compromisso "persistente" e "concessões difíceis mais capazes de trazer resultados".
Biegun, inicialmente nomeado representante especial dos Estados Unidos para a Coreia do Norte, em 2018, ascendeu depois a vice-secretário de Estado mantendo o cargo de interlocutor com o regime de Pyongyang.
Na conferência em Seul, Biegun disse que a política de Donald Trump em relação à Coreia do Norte foi "ambiciosa e audaz".
Mesmo assim, admitiu deceção pelo final do diálogo após a cimeira de Hanói em 2019, altura em que Washington considerou insuficientes os compromissos norte-coreanos sobre os ativos nucleares em troca do levantamento das sanções.
Sobre o fracasso de Hanói, o diplomata recordou que o Centro de Investigação Nuclear de Yongbyon, que Pyongyang propôs desmantelar "não é a totalidade do programa nuclear norte-coreano" acrescentando que a equipa negocial "não tinha poder para tratar dos assuntos".
Biegun também criticou o regime da Coreia do Norte por não ter aproveitado oportunidades.
"Infelizmente, muitas oportunidades foram desperdiçadas nos últimos anos pela parte norte-coreana que procurou levantar obstáculos várias vezes às negociações em vez de aproveitar oportunidades capazes de conseguir compromissos", afirmou.
O vice-secretário de Estado frisou, no entanto, que Washington continua a encarar de forma positiva as tentativas de cooperação entre as duas coreias - processo congelado desde a cimeira de Hanói - como ferramenta fundamental para a paz na península.