O Governo dos EUA manifestou-se «profundamente preocupado» com o discurso do Presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, que na terça-feira se referiu aos homossexuais como «bichos» que podem levar a humanidade «a uma extinção sem glória».
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«Os Estados Unidos estão profundamente preocupados com a retórica de ódio usada pelo Presidente Jammeh no seu discurso de 18 de fevereiro», escreve o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, num comunicado publicado na quarta-feira no seu site.
No texto, o chefe da diplomacia norte-americana sublinha que «todas as pessoas são criadas iguais e deveriam poder viver livres de discriminação, incluindo a discriminação baseada na identidade sexual e na orientação sexual».
«Apelamos ao Governo da Gâmbia que proteja os direitos humanos de todos os gambianos e encorajamos a comunidade internacional a enviar um sinal claro de que declarações desta natureza não têm espaço no diálogo público e são inaceitáveis», acrescenta.
Sublinhando que os direitos humanos e as liberdades fundamentais pertencem a todos os indivíduos, John Kerry deixa a mensagem: «Os Estados Unidos apoiar-te-ão independentemente de onde estejas e independentemente de que ames».
No seu discurso à nação para assinalar o 49.º aniversário da independência da Gâmbia, Jammeh alertou que o seu Governo lutará contra «esses bichos chamados homossexuais» da mesma forma que combate os mosquitos que transmitem a malária, já que podem conduzir a humanidade «à extinção».
«A homossexualidade não será tolerada e acarretará a pena máxima, já que está destinada a levar a humanidade a uma extinção sem glória», avisou o Presidente, alertando que nem mesmo os diplomatas que são homossexuais serão poupados.
Sublinhou ainda que, mesmo que o objetivo do país seja manter «relações pacífica» com todos os países próximos, a Gâmbia nunca aceitará a sua amizade se esta for condicionada por «comportamentos ímpios e satânicos"», como a homossexualidade.
«As pressões coercivas e ditatoriais da parte de algumas potências estrangeiras, como a imposição das suas culturas ímpias e decadentes como a homossexualidade e as liberdades desenfreadas, nunca serão aceites neste país», afirmou.
Estas culturas, disse, levam a que «os irmãos se casem com as suas irmãs, que os pais se casem com as suas filhas e as mães com os seus filhos».