EUA: Transferência polémica de restos mortais não identificados para museu do Ground Zero

Ground Zero, Nova Iorque, EUA
Reuters
Restos mortais não identificados das vítimas do 11 de setembro foram transferidos hoje, após uma discreta cerimónia, para o Ground Zero, edifício que substituiu as torres gémeas do World Trade Center e onde existe um memorial e um museu.
Esta transferência é vista como um «insulto» e um «sacrilégio» por algumas famílias das vítimas, que discordam que os restos mortais dos seus familiares sejam levados para o museu subterrâneo do 11 de Setembro, no local onde atentados com aviões causou quase 3.000 mortos a 11 de setembro de 2001.
A transferência foi feita por uma quinzena de veículos da polícia, dos bombeiros e das autoridades portuárias de Nova Iorque e Nova Jersey.
O cortejo partiu do Centro Médico-Legal de Nova Iorque, em Manhattan, e chegou às 07:00 locais (11:00 TMG) ao Ground Zero, situado no extremo sul da ilha de Manhattan.
Os restos mortais foram transportados em caixas metálicas utilizadas pelo exército e cobertas com a bandeira americana, disse à France Presse um porta-voz policial, Carlos Nievas.
As autoridades alertaram que não haveria qualquer cerimónia especial para assinalar a operação, mas ressalvaram que os familiares das vítimas, previamente contactadas por correio, podiam assistir à mudança.
Das 2.753 pessoas declaradas desaparecidas no World Trade Center a 11 de setembro de 2001, 1.115 não puderam ser identificadas, segundo dados dos serviços médico-legais de Nova Iorque.
As autoridades recuperaram 21.906 restos humanos da zona, mas 7.930 não correspondem a qualquer ADN dado por familiares das vítimas.
Rosaleen Tallon, irmã de um bombeiro desaparecido nos atentados, afirmou que para ela os restos humanos «são sagrados, identificados ou não» e que será muito difícil explicar às crianças que esses mesmos restos mortais foram colocados num museu.
O museu consagrado aos atentados do 11 de setembro será aberto ao público a 21 de maio, após cinco dias especialmente dedicados às famílias das vítimas, às pessoas que trabalharam nas torres gémeas, aos sobreviventes da tragédia e aos membros que prestaram socorro.
Com 10.210 metros quadrados, o museu subterrâneo tem sete pisos e complementa o memorial inaugurado a 11 de setembro de 2011 no local dos atentados.