Uma investigação do jornal Washington Post revela que 90% das pessoas identificadas nas comunicações interceptadas pela NSA era utilizadores vulgares de internet e não tinham nada a ver com com a vigilância internacional.
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Utilizadores comuns da Internet, norte-americanos e também estrangeiros, são os mais vigiados pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos a partir de redes digitais, de acordo com uma investigação de quatro meses do jornal norte-americano The Washington Post.
Nove em cada 10 titulares de contas digitais com conversas intercetadas eram cidadãos comuns, segundo os dados entre 2009 e 2012 fornecidos ao jornal pelo ex-agente da NSA, o americano Edward Snowden, atualmente asilado na Rússia.
A investigação durou quatro meses e vem ao encontro do que um responsável da NSA já admitira em abril, quando reconheceu que a agência recolheu dados de cidadãos norte-americanos sem autorização legal.
«Muitos deles eram americanos. Quase metade dos arquivos vigiados, uma proporção extraordinariamente alta, continha nomes, endereços de correio eletrónico ou outros detalhes que a NSA registou como pertencendo a cidadãos americanos ou residentes», lê-se na edição de hoje do jornal.
A NSA registou cerca de 160 mil mensagens e documentos, desde 121 mil mensagens instantâneas (como chats), 22 mil emails, perto de 8000 documentos armazenados, cerca de 3800 mensagens trocadas através das redes sociais ou 5000 fotografias privadas.
A maior parte da informação que foi passada a pente fino tinha a ver com assuntos estritamente privados.
Algumas análises, diz o Post, acabam por ter até um tom voyeurista: histórias de amor e de corações despedaçados, relacionamentos sexuais ilícitas, problemas relacionados doenças mentais, conversas políticas e religiosas, ansiedades financeiras e expectativas frustradas.
Entre os conteúdos mais valiosos que o jornal diz ter em mãos, e cujos detalhes não revela ainda justificando não querer prejudicar «operações em andamento», estão novas revelações sobre um projeto nuclear alegadamente secreto.