João Pimenta Lopes foi o único deputado europeu a visitar o navio da Lifeline. Nem Itália nem Malta autorizaram o desembarque do navio, com mais de 230 migrantes a bordo.
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Passados quatro dias, e o Mediterrâneo continua sem ter onde atracar o navio de uma organização não-governamental (ONG) alemã que transporta 234 migrantes, resgatados de dois botes na última semana. Itália e Malta não autorizaram o desembarque do navio, que tem a bordo migrantes de pelo menos sete países, entre os quais 14 mulheres e 4 crianças.
Na última madrugada, o eurodeputado do PCP João Pimenta Lopes visitou a embarcação da Lifeline. Após ter passado 6 horas a bordo do navio - desde as 23h00 às 5h00 desta madrugada -, o eurodeputado conta que a situação é delicada e tende a piorar, caso não apareça uma resposta urgente.
"É uma situação que já se arrasta há mais de quatro dias, sem que haja resposta das autoridades, nomeadamente dos Governos que poderiam conceder a entrada num porto de abrigo seguro mais próximo", disse João Pimenta Lopes à TSF. "Isto representa uma violação do Direito internacional em relação àquilo que é o resgate de pessoas em risco de vida".
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"Contactámos com pessoas de muitas nacionalidades, desde a Nigéria à Somália, Sudão, Chade, Serra Leoa, Costa do Marfim e da Eritreia", que fugiram para a Líbia, onde permaneceram, "durante um longo período de tempo, em condições de exploração, sujeição a violência, ao tráfico de seres humanos e a práticas de esclavagismo", e onde têm "pânico" de ter de voltar, afirmou o deputado comunista.
O eurodeputado garante que a embarcação não tem condições para a permanência de pessoas a bordo e que tem de ser encontrada uma resposta de imediato, uma vez que a previsível alteração da agitação marítima deverá debilitar ainda mais as pessoas bordo - migrantes e tripulação.
João Pimenta Lopes foi o único deputado europeu a visitar o navio da Lifeline. Na comitiva seguiram também uma deputada do parlamento espanhol e três deputados do parlamento alemão.
A viagem foi "uma ação de solidariedade com os migrantes" e uma forma de "procurar dar visibilidade a esta situação e de criar as condições para desbloqueá-la", esclarece o eurodeputado comunista, que considera que a atual situação dos migrantes "tem sido promovida pelas políticas da União Europeia".