Esta é a primeira moção de censura em dez anos e tem rejeição praticamente garantida
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O Parlamento Europeu vota esta quinta-feira em Estrasburgo, França, uma moção de censura à Comissão Europeia, a primeira em dez anos, mas a rejeição da proposta está praticamente garantida.
A moção de censura foi apresentada pelo eurodeputado romeno Gheorghe Piperea, que faz parte do grupo político dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR, na sigla em inglês, de direita conservadora e extrema-direita), e recebeu o apoio de mais 79 eurodeputados.
Na segunda-feira, num debate na sessão plenária em Estrasburgo, o eurodeputado romeno defendeu a queda do executivo comunitário pela "vulnerabilização de princípios essenciais" da União Europeia e também acusou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de "perda de integridade".
Gheorghe Piperea decidiu avançar com uma moção de censura devido à ocultação de mensagens entre Ursula von der Leyen e o administrador da farmacêutica Pfizer, em 2021, durante a pandemia de Covid-19, por causa da aquisição de vacinas contra o coronavírus SARS-CoV-2.
“A concentração da tomada de decisões nas mãos da presidente da Comissão Europeia, algo que me parece antidemocrático, [Ursula von der Leyen] é opaca”, considerou o eurodeputado no debate.
A presidente da Comissão Europeia rebateu as acusações, considerando que a moção de censura é oriunda de um "mundo de conspirações".
“Hoje podemos todos fazer a nossa própria avaliação sobre os méritos [da Comissão Europeia] (…) e cada um chegará à sua conclusão. O que acabámos de ouvir é claro: é uma tentativa fraca dos extremistas de polarização, de erodir a confiança na democracia, uma tentativa de reescrever a história”, disse Ursula von der Leyen.
Apesar de ser a primeira moção de censura em dez anos, o chumbo está praticamente garantido, uma vez que os representantes dos principais grupos políticos do Parlamento Europeu (Partido Popular Europeu, o mesmo de que faz parte Von der Leyen, e os Socialistas & Democratas) rejeitaram a iniciativa, ainda que os socialistas tenham aproveitado para criticar a Comissão Europeia.
A esquerda e os liberais também disseram que não iriam fazer parte de uma moção que partiu da extrema-direita.
A aprovação significaria a queda de todo o executivo.
Desde as primeiras eleições europeias, em 1979, foram apresentadas sete moções de censura, nenhuma resultou na queda de um executivo comunitário.
