O ex-chefe do exército turco Ilker Basbug foi hoje condenado a prisão perpétua por envolvimento numa alegada tentativa de golpe de Estado contra o governo do primeiro-ministro Tayyip Erdogan.
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Tal como Basbug, que liderou as forças armadas turcas entre 2008 e 2010, outras 11 pessoas foram condenadas a prisão perpétua no julgamento da rede golpista Ergenekon, que envolve 275 arguidos, incluindo generais, jornalistas e chefes do submundo.
O ex-chefe das forças armadas foi condenado por encabeçar a rede Ergenekon, considerada "terrorista" pelo tribunal de Silivri, que hoje leu a sentença.
Entre os arguidos condenados a prisão perpétua em Silivri, a cerca de 50 quilómetros de Istambul, estão o ex-chefe da polícia Sener Eruygur e o ex-chefe militar Hürsit Tolon, o jornalista Tuncay Özkan e o líder do pequeno Partido dos Trabalhadores (IP, nacionalista) Dogu Perinçek.
O jornalista Mustafa Balbay, do diário de esquerda Cumhuriyet, eleito enquanto estava detido como deputado do principal partido da oposição, o CHP (pro-laicidade), foi condenado a 35 anos de prisão.
O tribunal absolveu 21 dos 275 acusados, 66 dos quais estão em prisão preventiva.
Os restantes receberam penas de entre dois e 117 anos de prisão por participarem na rede, que alegadamente pretendia derrubar o governo islamita conservador de Erdogan.
Basbug, de 70 anos, liderou a campanha militar turca contra os rebeldes do PKK durante muitos anos e é agora, na reforma, acusado de liderar ele próprio um grupo terrorista.
Os arguidos estavam a ser julgados desde outubro de 2008 no quadro de um processo que a oposição laica acusava de visar calar as críticas contra o governo.
A audiência de hoje começou às 7:30 (hora de Lisboa), com duas horas de atraso, num ambiente de tensão.
Centenas de agentes da polícia antimotim lançaram gás lacrimogéneo contra cerca de mil manifestantes concentrados junto ao tribunal.
Os manifestantes, impedidos de assistir ao processo, continuavam a chegar perto do tribunal a pé, deixando os automóveis e autocarros a mais de dois quilómetros de distância.
O governador da província de Istambul, Hüseyin Mutlu, proibiu na sexta-feira qualquer concentração e só os arguidos, os advogados, deputados e jornalistas tinham autorização para aceder ao tribunal.
A rede Ergenekon é acusada de tentar fazer um golpe de Estado militar contra Erdogan, no poder desde 2002, semeando o caos no país, com atentados e operações de propagando.
A sentença de hoje surge depois de, em junho, o país ser palco de enormes protestos populares que deixaram o governo de Erdogan na maior crise desde que assumiu o poder em 2002.