Pela primeira vez na história, um antigo oficial da CIA prepara-se para passar mais de dois anos na cadeia. John Kiriakou foi condenado por ter passado informações a um jornalista.
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No dia 25 Jonh Kiriakou já sabe que vai ser condenado a 30 meses na prisão. É o culminar de um processo inédito nos serviços secretos americanos.
Por estes dias, Kiriakou desdobra-se em entrevistas, em pedidos de desculpas aos Estados Unidos e em frases que atestam o arrependimento do antigo agente da CIA: «Eu nunca devia ter revelado aquele nome, não volta a acontecer».
Em Abril, Jonh Kiriakou foi acusado de passar a um jornalista a identidade de um funcionário da agência, envolvido na captura e no interrogatório de um terrorista da al-Qaeda. Não é o primeiro caso de fuga de informação secreta (é, aliás, o sexto, desde que Obama está no Pentágono), mas é primeira pena de prisão para um agente que falou demais.
E pode até dizer-se que foi traído pela boa vontade. Um dia, algures no arranque de 2012, foi contactado pelo FBI a pedir-lhe ajuda para resolver um caso. Não pensou duas vezes: pelo FBI, tudo. Keriakou percebeu pouco depois que o alvo da investigação era ele próprio, quando se encontrou com os investigadores e um lhe disse que, aquela hora, tinha agentes em casa. Procuraram provas e encontraram um email, enviado a um jornalista, com o nome do tal funcionário da CIA. Sem alternativa, Keriakou confessou e assinou um acordo que travou uma pena mais pesada.
Com 48 anos - e reformado da CIA - prepara-se para entrar na prisão. Continua a garantir que só quis ajudar o jornalista a encontrar uma fonte e que nunca imaginou que a identidade do agente fosse revelada. É por isso que alguns amigos, como Oliver Stone, não aceitam a ideia de ver Keriakou atrás das grades a partir de dia 25: entendem que ele nunca quis prejudicar a segurança nacional e que arriscou a vida por um país que agora o maltrata.